sexta-feira, 28 de março de 2008

Auto-biografia profissional

No primário eu queria ser professor. Eu tinha certeza que esse era meu destino! Ao chegar à 6ª série, surgiu a paixão por Ciências, e eu já me via em um laboratório cheio de microscópios e tal. Tinha especial interesse em botânica. Tracei (estimulado por uma professora que ainda hoje é minha grande amiga) meu trajeto até o doutorado. Era isso, tornar-me doutor em biologia era a nova e eterna meta! Mas o tempo passou.
Desde pequeno eu gostava de desenhar. Eu era aquele que desenhava coisas para os outros, nas contra-capas dos cadernos. E todos me diziam que eu iria ser, um dia, um grande desenhista. Nunca levei isso muito a serio, mas admito que no final do colegial eu planejava prestar vestibular para Educação Artística ou Desenho Industrial. E então, em 1998, eu entrei no curso de Ciências Sociais... (!). Na virada do milênio, tornei-me um sociólogo.
Mas não é que, por caminhos tortuosos, as coisas até ganharam algum sentido: mesmo na sociologia, que eu amo, estou sempre envolvido com estudos de cultura, especialmente Arte e Pintura. O pintor que estudo atualmente (Debret) é conhecido por haver criado centenas de imagens sobre o Brasil, muitas delas de caráter naturalista (imagens de animais e plantas, de feição científica). E, como estou no doutorado, não vejo outro caminho profissional fora da atuação como professor. Bingo! Eis meu sonho da quarta-série tornando-se realidade! Sem contar que, de um jeito ou de outro, arte e ciência me acompanharam em todo o trajeto até aqui.
Se planejei isso tudo? É óbvio que não. Isso aqui é só mais uma daquelas tentativas humanas de dotar a vida de sentido. Aliás, talvez esse seja o sentido de toda a coisa!! Mas é bom parar a piração por aqui... afinal, eu não sou filósofo nem psicólogo... sou apenas um sociólogo, perdido em algum lugar entre a ciência e a arte.

terça-feira, 11 de março de 2008

Cidade K-ótica!

Hoje a cidade de São Paulo teve congestionamento recorde: 180 km. Dá pra imaginar o que significa isso? E a cada dia 600 novos veículos são licenciados, o que quer dizer que a coisa só tende a piorar. Tentam-se saídas como o rodízio de placas que podem circular em cada dia útil da semana - adianta? Não, não muda nada mesmo.
Bem, uma saída é usar o transporte coletivo. Mas imagine-se em um ônibus lotado, às sete da manhã, em um desses 180 km de congestionamento? Pensou? Melhor nem pensar, não é? Daí tem o metrô. Ele é rápido, eficiente... mas nos horários de pico é outra aventura: demora até conseguir entrar em um dos trens, que passam de cinco em cinco minutos (ou menos), e ao conseguir isso, percebemos que é possível quebrar a lei da física que diz que dois corpos não ocupam um mesmo lugar no espaço - no metrô isso acontece!
Aliás, hoje usei o metrô para ir ao centro da cidade. No horário que eu fui, que já era bem tarde (8:00 da manhã), a coisa já estava mais calma, na medida do possível. Mas ainda assim tinha muita gente ao meu redor. Quando eu saía da estação, subindo as escadas, houve um momento em que a multidão parou - como param os carros - e depois continuou a andar. Eu achei aquilo ilário: um congestionamento de pedestres! Onde isso acontece? Só em São Paulo mesmo. Daí eu pensei: o negócio é fazer também um rodízio RG's, como fazem com os carros. Exemplo: RG's finais 1 e 0, não podem sair de casa na segunda-feira, RG's finais 2 e 3 não saem na terça, e assim por diante. Não seria uma boa? Ha ha - melhor não dar idéia ao Kassab!
Enfim, a coisa aqui tá feia. É como uma amiga me disse outro dia: essa cidade tem a fama de ter de tudo, uma vida cultural como nenhuma outra - mas essa vida é pra quem? Quem arrisca pegar esses trens lotados para ir à uma exposição na Pinacoteca em dia de chuva como hoje? Quem tem paciência para esperar mais de quatro horas em uma fila para assistir a uma peça gratuita? E por aí vai...
Realmente, a cidade é linda, tem muito pra se ver, oferece de fato muita coisa pra se fazer. Mas não é sempre que estamos dispostos a pagar o preço que ela cobra.