segunda-feira, 27 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #11. Casa de Rui Barbosa


Na Fundação Casa de Rui Barbosa você irá encontrar um museu, um lindo jardim e uma biblioteca. O museu é a casa onde Rui Barbosa morava, e fica logo na entrada. No fundo do quintal fica a biblioteca pública, que possui um acervo muito interessante e peculiar. Entre essas duas coisas há o jardim, com muitas árvores, flores, espelhos d'água, pássaros canoros e crianças - aliás, bebês! Vários, com suas respectivas mães, babás, etc, tornando o ambiente super familiar e leve. Claro que isso, de alguma forma, contrasta com o silêncio que se espera de um ambiente de pesquisas. Mas, de fato, não atrapalha em nada. O que atrapalha são alguns usuários da biblioteca, que falam alto, mas isso existe em TODA biblioteca - o que me deixa sempre irritado, mas não é o assunto agora.
Enfim, o lugar é lindo, pitoresco, suave, fica no bairro do Botafogo e é um dos meus favoritos nessa cidade.


Nessa foto é possível ver algumas da senhoras com seus bebês. Como ainda eram 9h00 da manhã, eles eram poucos. No horário do almoço a densidade bebeológica é realmente grande! Junto com os pássaros, eles são responsáveis pela trilha sonora local.

Foto: Anderson RT

domingo, 26 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #10. Pente azul escuro

Enfim, a última semana. Parece que foi ontem que cheguei, e agora faltam poucos dias para encerrar minhas atividades por aqui. Foi mesmo muito corrido. Acho que preciso voltar em outro momento, a passeio. Trabalhei bastante. Muitas horas diante de livros, papéis e micro-filmes.
Já sinto saudades de muitas coisas daqui, mas admito que essa temporada me fez ver que a cultura carioca é bem diferente daquela de onde eu venho, o que não significa que seja melhor ou pior - é apenas diferente. Mas já falei disso várias vezes nessa série de posts, então pulemos essa parte. De qualquer modo, foi uma temporada produtiva e muito interessante.
Ontem fomos ver uma exposição de pintores russos que está no Centro Cultural Banco do Brasil, chamada Virada Russa. Vi muitas coisas bonitas, mas o ponto alto foi poder ver, bem de perto, dois quadros do Kandinsky e um do Chagall. Passei uns bons minutos olhando para o quadro do Kandinsky (abaixo), não por pedantismo, mas porque realmente senti vontade de ficar olhando. Conheci a obra desse artista em 1999, quando li seu livro Do espiritual na arte, e desde então o admiro. Poder ver um quadro como esse, ao vivo, foi uma experiência inesquecível e única.
Enfim, o Rio tem muitas coisas boas, para além das maravilhosas paisagens. E foi bom poder ter ficado aqui por um tempo. Mas já estou com saudade de casa, e feliz por saber que em breve é de lá que estarei escrevendo essas coisas.


Kandinsky. Pente azul escuro.
Óleo sobre tela, 1917.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #8. Digressões

Indo para a terceira semana no Rio. O tempo passa rápido. Mas passa diferente.
Trabalhar em outra cidade pode ser uma experiência interessante, por ser diferente de apenas "tirar férias". Quando se viaja a passeio, tudo é mais tranquilo, e as diferenças culturais, por exemplo, tornam-se um ingrediente extra na diversão. No meu caso, esse ingrediente extra também existe, e é muito interessante, mas pode ser um problema, em uma viagem de poucas semanas, onde a variável tempo é determinante para o sucesso da empreitada. Não dá para se dar ao luxo de ambientar-se aos poucos, é preciso interagir com o meio imediatamente.
A vida no Rio de Janeiro é realmente diferente da vida nas outras (poucas) cidades por onde já passei. Mas é especialmente diferente de São Paulo.
Como toda grande cidade, aqui também é o reino do caos, do trânsito maluco, das ruas abarrotadas de pessoas no centro, dos vendedores ambulantes que gritam para vender seus produtos, das buzinas... Porém, parece que aqui as pessoas são mais felizes. Ao observá-las no corre-corre na hora do almoço, por exemplo, não vejos as mesmas expressões da Avenida Paulista, no mesmo horário. Elas não têm a cara fechada, nem muita pressa de chegar ao seu destino. Não ficam bravas se o motorista para na faixa de pedestre, e não hesitam em atravessar no sinal verde dos carros. Aqui também é muito fácil alguém que você jamais viu começar a conversar contigo, do nada, sem constrangimento. Isso significa, por outro lado, que alguns tipos de formalidade não existem. A impressão que tive é que as relações passam sempre por um registro informal, especialmente em alguns serviços, como nos cafés e restaurantes, por exemplo. Se a gente faz uma abordagem exageradamente formal, do tipo "por favor", "por gentileza", etc., isso pode atrapalhar o diálogo, que tende a ser mais rápido, do tipo curto e grosso. Percebo que as pessoas, nesses momentos, nem sempre entendem quando eu digo "muito obrigado", ao final de um atendimento - por ser, talvez, algo não muito comum. Falar demais, acredito, é correr o risco de não ser compreendido. Isso faz com que inúmeras vezes eu tenha precisado repetir o que disse, ainda que a língua seja a mesma (aliás, acho que o sotaque diferente tende a deixar o que eu falo mais incompreensível ainda).
E também há a coisa da cidade de aparência antiga. As construções do centro do Rio são sensacionais, monumentais e incríveis. A Biblioteca Nacional, por exemplo, é algo espantoso, tanto por fora quanto por dentro. Esse tipo de construção, que existe em todo o centro, deixa a cidade com uma cara antiga, o que, associado às ruas estreitas como a do Ouvidor ou a Travessa de Ouvidor, nos conduz a outro tempo, daqueles dos livros de história ou dos romances. Mas essas ruas de paralelepípedos, que de tão cheias de pessoas parecem calçadas, têm também veículos e motos, que não hesitam em buzinar para os tranquilos pedestres que ali perambulam.
Acho que é isso. É espantoso como uma cidade, em um mesmo país, possa ter diferenças tão marcantes em relação a outra, que fica a menos do quinhentos quilômetros de distância. O Rio é muito peculiar, mesmo. Não sinto, por exemplo, um contraste tão grande ao ir para uma cidade do interior de São Paulo, pois nessas cidades há um tipo de registro de vida urbana muito parecido com a capital do Estado, respeitando, claro, as proporções. O Rio, não. Tem uma identidade muito precisa, sobre a qual eu poderia escrever muito mais coisas. E tem tanto a ser dito: a mistura de culturas, a coisa da violência ao lado do pitoresco, as paisagens indescritíveis, a questão do orgulho do modo-de-ser-carioca, a preciosidade dos acervos públicos, paraíso de qualquer pesquisador, a arte nas ruas - enfim, um universo ilimitado que transita do caos ao sublime em questão de metros ou minutos.
Passadas essas primeiras semanas, acho que já estou me acostumando com o ritmo da cidade. E posso dizer que estou gostando, pois poderia escrever muito mais coisas aqui. Mas é bom deixar assunto para outros posts. Até outra hora, então!



Lagoa Rodrigo de Freitas, vista do Corcovado.

Foto: Anderson RT.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #7. Imagens

Estátua de Camões, em frente ao Real Gabinte Português de Leitura.


Rua do Catete.

Esposição com fotos de interiores de residências. Museu de Folclore Edison Carneiro, no Jardim do Museu da República (Palácio do Catete).

Jardim do Museu da República (Palácio do Catete).
Fotos: Anderson RT.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #6. Real Gabinete Português de Leitura

Hoje passei o dia estudando no Real Gabinete Português de Leitura. É um lugar muito bonito, com as paredes repletas de livros. É monumental. Possui um acervo primoroso, especialmente sobre a história e a literatura de Portugal e do Brasil colonial. É um lugar bom pra estudar, apesar de ser movimentado, com um entra-e-sai constante de turistas. Fui fotografado tantas vezes que fico me imaginando em vários orkuts e facebooks da vida agora... Eu mesmo tirei uma foto (sem flash, naturalmente):

Apesar de ser um lugar muito bonito, fica num lugar meio feio do centro. Aliás, como saí de lá às 18h00, era hora do rush de pedestres... um verdadeiro caos! Se você acha que São Paulo é caótico no final da tarde, é porque nunca esteve nas estreitas ruas do centro do Rio de Janeiro na mesma hora. É uma confusão mesmo. Em São Paulo me parece que, mesmo com toda a movimentação de pessoas e carros, a coisa é toda mais organizada. Enfim, isso provavelmente não passa de uma impressão tipicamente paulista, aliás, como tudo mais que tenho escrito por aqui.

Foto: Anderson RT

domingo, 5 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #5. Botafogo

Hoje fomos almoçar na casa de amigos que moram no bairro do Botafogo. Depois do delicioso peixe, fomos tomar um café no shopping local. Apesar de minha amiga ter me dito com antecedência que o melhor do lugar era a vista, eu não dei prestei muita atenção, pois estava mesmo era doido por um café. Mas ao chegar lá, mal começamos a subir as escadas rolantes e dei de cara com uma paisagem que me tirou uns segundos de fôlego. É isso o que acontece aqui no Rio. Lembro como se fosse hoje da primeira vez que fui ao IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), e fui até o xeróx fazer umas cópias. Quando chego ao balcão, dou de cara com essa mesma paisagem (que fica na Baía da Guanabara). A primeira reação, que dura milésimos de segundo, é achar que é algum tipo de papel de parede. Pois não parece "real". Parece uma "foto", daquelas que a gente vê na TV ou nos postais. Parece mesmo uma "visão". Na época, perguntei ao moço do xérox: "Como você consegue trabalhar com essa passagem ali, todo o tempo, do lado de fora?" - e ele: "Ah, já estou acostumado, nem presto atenção". Vai ver que é assim mesmo. Mas, para mim, é sempre uma grande novidade.
Portanto, aqui está a imagem de hoje, a vista do Shopping, no bairro do Botafogo.


Foto: Anderson RT

sábado, 4 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #4. Copacabana e Ipanema

Penso que existem (pelo menos) dois Rios de Janeiro: o histórico e o dos cartões postais. Para mim, o mais legal é o histórico, do Centro, cheio de monumentos, arquiteturas, museus e bibliotecas, que transpiram história e cultura. É com esse Rio que mais me identifico. Mas não há razão para ignorar o outro Rio, aquele que as emissoras de TV mais apreciam, o da orla. E que praias lindas, não?
Hoje fomos para Copacabana, de metrô, e caminhamos até Ipanema - são praias vizinhas. É uma caminhada muito boa de se fazer. Admito que sinto um pouco de medo em Copa, é muito movimentado, e sempre se ouve aquelas histórias de violência por lá. Contudo, tem muita coisa bonita: todos aqueles bares, restaurantes, hotéis, uma vida pulsante repleta de turistas estrangeiros (lá é mesmo uma Torre de Babel). Na praia, ondas que se quebram violentamente na areia dão um espetáculo à parte, enquanto, próximos ao calçadão, artistas anônimos moldam verdadeiras obras de arte apenas com areia - muito impressionante.
Depois de alguns minutos, chegamos à praia de Ipanema. É de uma beleza estarrecedora. E na divisa dessa praia com Copacabana há a pedra do Arpoador, onde subimos para ver a paisagem e tirar algumas fotos. É incrivelmente lindo.
Mas como escurece rápido no inverno, às 17h00 o sol, antes escondido por nuvens espessas e cinzas, dava adeus ao dia, enquanto a lua surgia onipotente. Voltamos para Copa, para pegarmos o metrô novamente. Passamos por lá às 17h30, já era noite, e praia sob a luz da lua e dos refletores nos brindou com uma linda imagem prata-azulada, que tive de fotografar no ato e enviar para meu twitter (foto). Percebi que Copacabana é mais bonita à noite.
Enfim, apesar de me sentir mais em casa no lado de cá do Rio do Janeiro, mais ao centro, tenho que me curvar à evidência de que a beleza das praias da Zona Sul é indiscutível.



Mesmo com o dia nublado, a paisagem é muito bonita.
Essa foto foi tirada de cima da pedra do Arpoador, com vista para a Praia de Ipanema.
Foto: Anderson RT

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #3. Impressões

Minhas recentes descobertas antropológicas sobre o Rio de Janeiro:

1. O Pão de Açúcar e o Corcovado são coisas distintas
2. Tijuca e Barra da Tijuca são coisas distintas
3. O metrô do Rio não é como o de São Paulo
4. O sotaque dos cariocas é realmente característico e uniforme. E parece que é em "estéreo".
5. Os cariocas colocam "x" ao invés de "s" nas palavras
6. Os cariocas colocam alguns "i" onde não haveria (para dar um exemplo dos itens 5 e 6, "palavras" poderia ser pronunciado como "palavraix", ou algo assim)
7. Os cariocas colocam "u" em algumas palavras onde não haveria (doze = douze)
8. Os cariocas às vezes são tão ou mais mal-humorados que os paulistanos
9. A trilha sonora oficial do centro da cidade é Michael Jackson (isso não vale, é puramente conjuntural)
10. Café carioca aqui realmente é chamado de carioca - pode pedir dessa maneira sem receio.
Estátua do Pixinguinha, na Travessa do Ouvidor.
Foto: Anderson RT

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #2. Corcovado

Das outras duas viagens que estivemos no Rio não fomos a pontos turísticos óbvios. Mas desta vez bateu a vontade de fazer algo diferente. E fomos nós ao Corcovado, ver a estátua do Cristo Redentor. E sabe de uma coisa: é de arrepiar. Porque trata-se de um símbolo, algo que permeia o imaginário da gente desde pequenininho. E lá estava eu, frente-a-frente como ela - quer dizer, mas abaixo do que à frente. É realmente monumental.
Mas o que mais faz o passeio valer a pena é a vista. Não tem como descrever - só vendo pra entender, mesmo. No começo dá um certo receio, afinal eu sou daqueles que tem muito respeito por locais altos... e lá, convenhamos, é bem alto. Mas a vista que se tem daquela altura é impagável (aliás, é pagável, e não é muito barato, já que a passagem de trem ida-e-volta sai por 35 reais).

Trecho da subida de trem, "Jardim Capitu", no Parque Nacional da Tijuca.
Pena que o tempo estava meio nublado, e a pouca luminosidade não permitiu a realização de fotos muito boas. Mas ainda assim dá pra ver a beleza daquele lugar.
Fotos: Anderson RT

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Voyage pittoresque et sociologique au Rio: #1. A chegada

Eu assumo, tenho medo de andar de avião. Hoje foi a segunda vez na vida que fiz isso - o medo foi vencido pela rapidez da viagem (40 minutos de vôo), associada aos módicos preços oferecidos pela empresa aérea, menores do que eu teria pago em uma passagem de ônibus. Tudo correu bem. E o tempo estava bom, de modo que a vista foi mesmo maravilhosa. Como estive alto! Considerando meu pequeno problema com alturas, foi mesmo uma aventura. Mas a beleza da vista foi maior do que esse medinho. Ver o Rio lá de cima é mesmo algo singular.
Chegamos bem, nossa mala foi uma das últimas a surgir na bendita esteira, mas após uns 10 minutos ela apareceu, linda e formosa.
Mas a aventura estava só começando. Como desembarcamos no aeroporto internacional do Rio, havia um segundo medo a ser superado, muito mais terrestre: atravessar a famosa Linha Vermelha. Mas foi bem tranquilo, apesar do pequeno congestionamento (pra quem vem de sampa, isso até sugere uma atmosfera familiar...)
Ainda não tirei fotos. Amanhã começa a "viagem pitoresca e sociológica ao Rio", propriamente dita. Vim aqui a trabalho, mas meu trabalho é bem divertido, pois consiste basicamente em visitas a bibliotecas, museus, centros culturais e históricos, e coisas do gênero. E, no final de tudo, participarei de um congresso de sociologia. Ótimo.
Enfim, pretendo registrar aqui as impressões dessa cidade bonita, com textos e fotos, durante o período que ficarei por essas bandas.
Portanto, aguardem cenas dos próximos capítulos!

PS: está um calorzinho gostoso aqui, por volta dos 30º. E há uma brisa fresca. Perfeito.