sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim de 2010

Essa deveria ser uma postagem de final de ano, com algum tipo de retrospectiva. Não vai ser. Na verdade, ainda não tive tempo de processar tudo o que aconteceu esse ano, que, isso posso adiantar, foi bem especial.

Acho que farei algo assim na primeira semana do ano que vem - daí fica sendo, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre 2010 e um texto inaugural para 2011... Por hora, deixo aqui meus sinceros votos de um ano cheio de coisas boas, de projetos, de realizações, e tudo aquilo que a gente sempre deseja quando quer desejar algo de bom nessa época...

A gente se vê ano que vem.





quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E chegou o natal.

Escrever no blog me ajuda a perceber de forma mais clara a passagem do tempo. Lembro-me dos meus posts natalinos dos anos anteriores, bem como das sensações presentes na elaboração de cada um deles. Acho que essa é uma bela função para o meu blog, um registro do tempo que passa. Eu poderia fazer um diário ou qualquer outra forma de registro, mas entendo o blog mais como troca do que como um registro individual – apesar de ter minha marca, tem sempre algo de um suposto e imaginado leitor. Essa possibilidade de interação, ainda que puramente imaginária, acaba norteando os textos que saem daqui. Mas, enfim, porque estou mesmo falando disso? Ah, sim, o natal... Então, e pensando nos meus imaginários e eventuais leitores, e também nos amigos, visitantes fiéis mesmo em tempo de pouca criatividade “blogológica”, passo por aqui hoje para desejar um feliz natal.

Eu não sou religioso, mas eu adoro o natal. Acho que a festa extrapola tanto sua origem cristã quanto a insanidade comercial que se tornou – é tudo isso, mas também é mais. Acredito que os corações amolecem, que as memórias fervilham, que ficamos tristes mas, muitas vezes, lembramos de coisas que nos fazem rir e suspirar. Lembramos daqueles que, na verdade, nunca esquecemos, mas de uma forma mais terna. Eu, pelo menos, sou assim.

Nesse ano o natal será muito especial pra mim. Será a um só tempo alegre e triste (e não é sempre assim?), porque estou longe do meu país, de muitas pessoas que gosto (familiares e amigos) e dos meus gatos... Porém, por aqui o natal também acontece, é, e tem até neve, o que deixa minha “criança interior” repleta de alegria. E, além de não estar só, mas com uma pessoa muito especial, conheci pessoas legais, e passarei a noite de natal na casa de uma delas. A vida é assim, sempre surgem novas possibilidades, desde que se esteja receptivo a elas. E esse é o meu natal 2010, que ficará para sempre na minha lembrança. Não apenas porque tenho boa memória, mas em parte por conta deste espaço, um registro pessoal a céu aberto, certamente refletido e filtrado, mas jamais desprovido de honestidade.

Bem, eu comecei o post para desejar um feliz natal, acabei, como de costume, falando demais... é assim que sou.

De todo modo, desejo a você que pacientemente leu esse texto, um natal incrível, o melhor que você já teve.

Plein de bisous,


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pessoas

Admito, tem horas que eu odeio só uma coisa no mundo: as pessoas. Topa-se com tanta falta de gentileza e modos por aí, em todo lugar, que dá vontade de ficar em casa e pronto. Mas, eu sei, isso não é uma regra. O melhor do mundo, na verdade, são as pessoas.
Hoje foi a festa de confraterznização do Cérise, associação comunitária da região de Paris onde moro e onde uma vez por semana participo de reuniões de conversação em francês. Nesse lugar, onde há as mais diversas atividades e cursos a preços módicos, existe esse curso de conversação para estrangeiros, que é gratuíto. Lá eu e o Alê conhecemos muita gente interessante, de vários lugares do mundo, e todos, claro, temos que conversar em francês. A experiência é incrível. Em nossa turma há alguns turcos, uma inglesa, uma escocesa e uma japonesa. As professoras, claro, são francesas e pessoas extremamente amáveis.
Hoje, na festa de confraternização, todos os níveis de curso se reuníram, e as pessoas levaram comidas de seus respectivos países, tudo muito gostoso e interessante. De todo modo, fiquei mais próximo da minha turma, e foi muito legal pois, regada a vinho bom e comidas gostosas, qualquer conversa(ção) fica mais interessante e desinibida. É realmente interessante saber coisas sobre o modo de vida de outros povos, suas comidas, bebidas, sentimentos, e, da mesma forma, explicar nossas idiossincrasias para essas pessoas. E, com isso, o francês vai se tornando cada vez mais presente na vida.
Antes de vir para Paris eu tinha feito um curso de um ano, o que era suficiente para ler textos acadêmicos. Eu imaginava que esse francês seria suficiente para chegar aqui, e que em pouco tempo eu estaria "craque". Doce ilusão. Chegar aqui foi a constatação de que eu não sabia nada, e que conversar sobre o troco no supermercado seria tarefa inexequível. Tive então a certeza de que eu não iria aprender nada, e deveria me contentar com minhas leituras na biblioteca que, de todo modo, eram a única coisa importante para a realização das minhas pesquisas de doutorado. Mas depois de entrar nesse grupo de conversação as coisas melhoram muito, e de pouco em pouco meu ouvido foi se acostumando com as conversas, e minha timidez diminuiu, a ponto de eu poder dizer, agora, "não entendi, dá pra repetir mais devagar?".
A lingua é uma ferramenta, útil, importante, e necessária não apenas para ler bons livros em outro idioma, mas para interagir com outras pessoas. Uma coisa ajuda a outra, e assim vai...
O mais legal é isso, fazer amizades, e conhecer outras realidades. Só posso falar por mim, mas mesmo tendo vindo acompanhado para um país estrangeiro, a vida pode ser muito difícil, por mais que se trate de uma cidade cosmopolita. O que faz a diferença é a interação com o mundo, com as pessoas. Partilhar experiências enriquece a mente e fortalece as emoções. Ser estrangeiro nunca é fácil, mas quando se compartilha as próprias experiências, tudo fica muito mais fácil e divertido. Afinal, o melhor do mundo são as pessoas.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O outro lado da neve

Hoje o dia amanheceu do jeito que eu sempre quis ver: um bocado de neve caindo do céu, deixando os telhados brancos. Como moro no último andar, posso ver a neve caindo sobre os prédios menores, e é mesmo uma coisa bonita. Mas não dá pra ficar em casa vendo essa "beleza", pois a vida acontece, também, do lado de fora. Foi então que eu comecei a enteder a razão de o pessoal daqui não curtir muito esse acontecimento.
As calçadas e as ruas ficam cobertas por essa neve, que vai derretendo e se transforma em um tipo de lama, meio fofa, meio rígida, com pequenas poças d'água. O resultado é um chão liso e perigoso de se caminhar. Os carros circulam com cautela, pois há riscos de acidente. O metrô no final da tarde estava um caos, trens lotados e atrasados, e os ônibus pararam de circular, por conta das ruas escorradias. Não entendo como isso pode acontecer em uma cidade como Paris. Como eles não prevêem situações como essa? Enfim, a neve promoveu certo caos, em parte porque aqui não é comum nevar no inverno, e em parte porque o inverno sequer começou. Acho que isso deve ser menos problemático no Alasca ou na Suécia, onde a neve é, todo ano, uma realidade esperada e conhecida.
E eu? Nem ligo, continuo achando lindo, e torcendo para que neve no natal. Let it snow!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Charm school", novo álbum do Roxette (2011)

Está previsto para 11 de fevereiro de 2011 o lançamento do 8º álbum de estúdio do Roxette, 10 anos desde Room Service, último álbum de músicas inéditas. O novo álbum ganhará três diferentes versões: simples, duplo (com um CD de bônus, contendo de b-sides, talvez gravações ao vivo das últimas apresentações da dupla pela Europa no último verão) e vinil.



Dia 06 de dezembro o site Musicserver.cz anunciou o tracklist, que foi posteriormente confirmado por Per Gessle:

  1. Way Out
  2. No One Makes It On Her Own
  3. She’s Got Nothing On (But The Radio)
  4. Speak To Me
  5. I’m Glad You Called
  6. Only When I Dream
  7. Dream On
  8. Big Black Cadillac
  9. In My Own Way
  10. After All
  11. Happy On The Outside
  12. Sitting On The Top Of The World
Agora é esperar pra conferir!

Em janeiro já sairá o primeiro single, She’s Got Nothing On (But The Radio), que terá com b-side uma versão ao vivo de Wish I could fly. Outro dia Marie cantou um trecho do refrão da música nova para alguns fãs em um evento que aconteceu na cidade de Malmö, e já deu pra perceber que aí vem coisa boa! (aliás, o vídeo com essa "canja", que estava no Youtube, já foi removido, infelizmente).




Atualização (23/02/2011): Clique aqui para ler um texto que escrevi sobre o álbum.


Mais notícias em português:
http://www.roxettebrasil.net/

Site oficial:
http://www.roxette.se/


sábado, 4 de dezembro de 2010

Brincando na neve

Todos dizem que é raro nevar em Paris, mas o fato é que tem nevado, e eu fiquei bem contente, pois tinha muita vontade de conhecer neve. Outro dia, quando fomos até a Universidade de Versalhes em Saint-Quentin-en-Yvelines, vi que tinha nevado um bocado por lá, mais do que em Paris, e pude tirar umas fotos.



Imagina-se que a neve é o pior sinal de frio, mas já passei dias mais frios por aqui apenas com chuva, que, a meu ver, é bem mais gelada, pois molha a roupa.
A paisagem com a neve é linda, calma, suave. Fiquei com pena dos bichos, no caso, dos patos que moram no lago do bosque, que no dia estava congelado. Mas imagino que eles entendam instintivamente o que está acontecendo.



De todo modo, com frio ou não, a minha "criança interior" ficou contente ao afundar a bota na neve, pegar um punhado com a mão (até sem luva, mas realmente é petrificante!), escrever a data no chão, etc. Achei lindo. Era como se eu estivesse em um daqueles cartões de natal que ficava olhando na infância - com aquele natal norte-americano, claro, cheio de neve - ai que ódio, pura alienação. Mas não tenho como negar que acho lindo. Penso que não gostaria de morar em um país em que todo inverno fosse assim (lembrando que ainda é outono), mas como experiência está sendo divertido.



Fotos: D. (Aquarelas na chuva).

Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.




quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Meu reencontro com Ally McBeal (post final)

(Atenção: contém spoillers)

Em outro post eu comentava sobre meu reencontro com Ally McBeal, que ainda estava no começo. Ontem assisti ao último episódio da última temporada e acho que é hora de encerrar esse assunto por aqui.
De maneira geral, gostei de assistir novamente a série, mesmo porque na época eu via um episódio lá, um cá, e parece que no Brasil foram veiculadas apenas três temporadas, mesmo.
Como eu falei antes, a série é divertida e vale a pena, logo de cara criamos empatia com os persoangens. Há certa carga dramática, de algum modo todos eles são muito solitários e parecem ter grande dificuldade em firmarem-se em relacionamentos, o que acaba norteando a maioria das histórias.
As primeiras temporadas são as melhores, a segunda é o ápice, onde tudo é mais dinâmico e divertido. Na terceira as coisas começam a ficar monótonas, e por conta disso a carga dramática é maior e a "neurose" de Ally também. Tudo começa a ficar repetitivo, e o útimo episódio é mesmo ruim - a última cena é patética.
A quarta temporada dá uma revirada nas coisas. Aparece na história o advogado Larry (Robert Downey Jr), por quem Ally irá se apaixonar e apostar todas as suas fichas. Isso irá revitalizar a série, que poderia ter continuado no mesmo ritmo não fosse a saída abrupta de Downey Jr, que na época teve problemas com uso de drogas e precisou se afastar. Nem o "mundo real" poupou a personagem Ally, que acabou a temporada sozinha.
A quinta temporada começa com dois pés esquerdos. Primeiramente pelo sumiço de vários personagens, sem maiores explicações, algo que já acontecia antes, mas não de forma tão evidente. Figuras importantes como Renee e Georgia simplesmente saem de cena e voltam apenas no último episódio, assim como John e Ling, que se tornam atores convidados em um espisódio ou outro após a metade da temporada. Novos personagens surgem, e, do mesmo jeito que aparecem, somem. Isso fragiliza a história. Mas nem tudo está perdido. Nessa temporada os persoagens mostram-se mais maduros, e por conta disso há menos piadas, o que não é de todo o mal. Alguns episódios são mesmo excelentes, especialmente a partir do sétimo (tenha paciência até lá, pois dá mesmo vontade de parar logo no segundo). Da metade da temporada para o final as coisas realmente parecem mais sérias, e talvez por isso surjam alguns personagens palhaços para cumprir a função do riso, como a exótica Senhora Clarie Otons, que se torna assistente de Richard. Até o cantor Jon Bon Jovi (!) aparece como par romântico de Ally, o que, claro, acaba não vingando, mas cumpre uma função na trama. O final é interessante, direto e simples (que eu tinha contado aqui mas apaguei - é legal assistir). Apesar dos clichês e de alguns "americanismos" excessivos, é bem feito, maduro e emocionante. Acho que valeu a pena. Fica aqui a dica.
Bygones.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os parisienses e as baguetes


Não há como negar, Paris é uma cidade linda. E uma das coisas mais legais, pelo menos para estudantes como eu, são os supermercados. Sim, locais de verdadeiro deleite, pois mesmo as comidas mais baratas são boas. Os molhos-prontos, por exemplo, são realmente bons, e não como aqueles "X"-ettes da vida que encontramos no Brasil. Hoje, por exemplo, fiz um risoto com molho pronto de champignon e ficou muito bom, modéstia parte. Mas não é sobre isso que quero falar, e sim sobre as baguetes.
Ao preço de € 0,80 compra-se a tal da baguete, sem a qual parece ser inadmssível viver-se por aqui. No final da tarde, é impressionante o número de pessoas que transitam pelas ruas com suas baguetes a tira-colo. Se existe um fato social, a baguete é o fato social francês por excelência. Tem até máquinas em que se colocam moedas e o pão sai, pronto pra ser devorado.
Sim, o ato de comprar a baguete é o próprio inicio da refeição, a pessoa simplesmente começa a arrancar pedaços de sua extremidade, e sai caminhando feliz mastigando o suculento pão deles de cada dia. Admito que, quando criança, eu às vezes comia uma parte da "bengala" enquanto voltava pra casa, mas eu raramente comprava pão, minha mãe sempre fez isso em casa. E, de todo modo, eu era criança, esse pessoal aqui é bem crescidinho e faz a mesma coisa. Já vi gente mordendo o pão, e não um sanduíche individual, mas aquele que parecia estar levando para casa.
Isso não é tudo. O trajeto desse pão, da padaria (boulangerie) até a casa da pessoa, também é algo pitoresco. Não é raro que a mesma pessoa que pega o dinheiro seja aquela que irá pegar a baguete, nem sempre com luvas ou algum objeto - é tudo bem epidérmico, mesmo. Depois disso, o comprador pega seu pão e sai contente e feliz rumo ao lar, onde terá sua refeição, geralmente com um ótimo vinho que terá pago poucos euros. Nem sempre o pão é embalado, e já cansei de ver gente colocando o pão direto na bolsa, com uma parte pra fora, tomando um gostoso ventinho fresco, ou então atrás do carrinho de bebê. No supermerado, muita gente coloca o pão solto por entre as outras mercadorias, sem embalagem alguma. Outro dia um rapaz apoiou sua baguete no corrimão da escada rolante do metrô enquanto subia, e um senhor apoiou suas duas baguetes na calçada enquanto ajeitava suas sacolas de compras. Básico.
Talvez eu seja meio neurótico, mas posso garantir que não sou o Dr. Bactéria. Porém, não entendo essa relação das pessoas com as baguetes, pois os outros alimentos não recebem esse tratamento. Acredito que seja parte da cultura, mas não entendo qual o sentido. De todo modo, nem de baguete eu gosto tanto, geralmente compro pão de forma integral, que eu prefiro.
Espero não ser mal interpretado, eu gosto muito dessa cidade e de seu modo de vida. Mas não posso deixar de me supreender com algumas coisas que considero excêntricas. Isso, na verdade, é o mais divertido da viagem!



domingo, 21 de novembro de 2010

Potiche

Outro dia fui assistir ao novo filme do François Ozon (Potiche, 2010), não apenas porque gosto desse diretor, mas porque era tanta publicidade pela cidade que minha curiosidade aumentava a cada dia.
Dos filmes que assisti desse diretor, a maioria, sem sombra de dúvida, é carregada de tamanha densidade e momentos de tristeza ou sofrimento que eu meio que duvidei do "colorido" dos posters espalhados pelas ruas. Duvidei se tratar de um filme divertido. E eu me enganei. O filme é muito engraçado, e o elenco não deixa a peteca cair. Catherine Deneuve arrasa como a dona de casa de vida monótona à sombra do marido, um grande empresário do ramo de guarda-chuvas. É essa situação, esse papel, que os franceses chamam de "potiche". Porém, em razão de uma reviravolta na trama, Suzane (Deneuve) vê-se diante da possibilidade de virar o jogo e tornar-se alguém importante, mostrando-se uma verdadeira lider carismática.
O filme, claro, é repleto de ironia e aponta certa hipocrisia da sociedade francesa do inicio dos anos 80, a falsidade de valores familiares como fidelidade, dedicação aos filhos, ao lado de interesses políticos e econômicos. A trama se desenrola de forma leve e despretenciosa, carregada de cores vivas e vibrantes, que jamais vi em um filme de Ozon - talvez no musical 8 Mulheres, só que bem mais interessante (se cuida, Almodóvar!).
O filme acaba por ser uma homengem à força da mulher e ao seu poder carismático. Pode até estar carregado de ironia, e infinitos clichês. Mas na última cena, em que Suzane canta o clássico C'est beau la vie (A vida é bela), de Jean Ferrat, me vi tão contagiado quanto sua plateia no filme (não vou dar maiores informações sobre o assunto, não custa evitar spoillers!), que tive vontade de cantar o refrão junto. É delicioso, e em tudo diferente dos filmes anteriores de Ozon - que eu adoro, diga-se de passagem - mas revelando um tipo de otimismo que nunca supus ver em um filme dele.
Recomendo, afinal, às vezes a vida pode ser uma m***a, mas ela é mesmo bela.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Roxette no Brasil em 2011


Imagine o impossível e duplique por dois, ou por três. Essa é a sensação dos fãs brasileiros do Roxette, nos quais me incluo e por isso posso falar. Primeiro parecia impossível que eles voltassem a cantar juntos ao vivo, mas eis que desde 2009, devagarinho, eles voltaram a se apresentar como dupla. Já era algo pra se comemorar, pois todo mundo achava que, na prática, o Roxette tinha acabado em 2002, por conta da doença de Marie. Mas a coisa foi além, e desse reencontro nasceu o projeto de um novo disco, o que parecia algo ainda mais impossível. E todos ficamos imensamente felizes. Daí, quando vimos, estavam os dois marcando shows em festivais de verão na Europa, em apresentações que não deveriam exceder uma hora e meia. Os shows foram um sucesso inesperado (ou não), e os ingressos eram sempre esgotados em pouquíssimo tempo. É, o mundo estava com saudade.
Eu, que estou na Europa agora, por motivos profissionais, acabei não indo a nenhum show daqui, pois além de coincidirem com a minha data de chegada, eram muito longe de onde estou, e não daria pra aparecer por lá, tanto pela distância quando pelos custos dessa empreitada. Mas eu já estava feliz, vi o que deu pra ver pelo Youtube e fiquei contente ao perceber a empolgação da dupla, da banda e de seu público - a maioria como eu, já na casa dos trinta anos, muitos dos quais, porém, não assistiram a dupla nas turnês anteriores. A última turnê mundial foi entre 1994 e 1995, eu tinha dezesseis anos! Quase fui ao show em São Paulo, mas o destino não ajudou e foi aquela frutração. Ok.
Mas eis que hoje, dia 03 de novembro de 2011, publica-se a mais bombástica e (in)esperada das notícias: "Roxette sai em turnê mundial". Parecia uma piada, mas primeiro de abril já passou faz tempo e o negócio era sério. E tem mais: essa turnê passará pelo Brasil em abril! Assim como aconteceu na turnê de 1991-1992, a primeira mundial deles, os shows acontecerão em quatro cidades brasileiras:

12.4 Pepsi on Stage, Porto Alegre
14.4 Credicard Hall, São Paulo
16.4 Citibank Hall, Rio de Janeiro
17.4 Chevrolet Hall, Belo Horizonte *

É, de fato, uma grande surpresa, especialmente para mim, pois eu realmente não acreditava na possibilidade de uma turnê mundial. Meu ceticismo não era gratuito. Em Have a Nice Day, disco de 1999, eles optaram por promover o álbum na mídia, e apareceram em alguns programas de rádio e TV no Brasil, inclusive, mas não houve show. O disco Room Service (2001) gerou uma turnê européia, apenas. Diante de tudo isso, e da história recente da banda, parecia improvável uma turnê desse porte, novamente. Mas ela irá acontecer. E eu vou.


join the joyride, everybody!!


---
* Fonte: The Daily Roxette: http://www.dailyroxette.com/node/18824


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reencontrando Ally McBeal

Quanto eu assistia ao seriado Ally Mcbeall na FOX, no final dos anos 90, me divertia muito com a atrapalhada advogada Ally e suas aventuras na busca do “verdadeiro amor” ou, talvez, no próprio questionamento dessa busca. Eternamente apaixonada por seu primeiro namorado, Billy, Ally o reencontra em seu novo emprego, onde viverá inúmeras situações inusitadas ao lado de colegas de escritório não menos “malucos” do que ela. A série teve cinco temporadas e acabou em 2002, mas eu devo ter acompanhado, no máximo, duas. Eis que, mais de dez anos depois, me reencontro com Ally. Tenho assistido alguns episódios e não me canso de me surpreender com a relevância deles. Continuo achando divertido – agora dou até mais risadas, por me identificar às vezes com as “maluquices” de alguns personagens – “maluquices” que a gente só se dá conta depois de “uma certa idade”. E tenho achado os personagens mais complexos, pois dentro do dramalhão clichê e do humor quase pastelão que vivem, eles elevam às últimas consequências suas as fraquezas e medos – no caso, o medo mais explorado é o da solidão. Mas me parece, e disso só vou ter certeza se chegar a assistir tudo, que no final das contas a própria noção de solidão é questionada e relativizada. Afinal, o que é estar só? É ser solteira, como a Ally, que divide um apartamento com a amiga Renée, e vive em busca do grande amor, ou estar casado, como Billy e Geórgia, e não ter certeza da própria felicidade? Será ser só viver como a secretária Elaine, que tem inúmeros amantes, mas nenhum compromisso, ou como John Cage, certamente o mais excêntrico de todos, que tem uma rã de estimação e sente-se feliz com seu amor platônico por Nelle, ainda que ela queira uma relação concreta? Serão realmente sós esses amigos, mesmo vivendo o tempo todo juntos, dividindo, inclusive, o banheiro do escritório – palco, aliás, de grandes acontecimentos? Não sei, mas o seriado me agrada. Agrada por que trata de coisas interessantes: amor, ética, amizade, relações humanas, burocracia, tudo de forma leve, divertida e surreal. Isso com um formato que não deixa o seriado com cara de antigo – elementos de tecnologia como eletrodomésticos não aparecem com destaque – aparelhos de celular, por exemplo, não notei nenhum até agora –, o que dificulta precisar o período em que as histórias se passam. Tampouco há diálogos com situações “reais” da época, de modo que tudo fica meio atemporal. Enfim, só sei que reencontrei Ally e tem sido bacana. Recomendo para quem quer um seriado leve, despretensioso, mas nem por isso pouco complexo. O negócio é entrar no espírito da coisa, sem questionar muito a lógica dos acontecimentos – até porque, respeitando a lógica interna do seriado, tudo pode fazer muito sentido. Mas há um pré-requisito: há que se cultivar algum nível de “maluquice”, sem o qual, talvez, o seriado não seja tão interessante.


Update (20/11/2010): Agora que estou no meio da última temporada, estou com vontade de voltar a escrever sobre a série, o que talvez renda um novo post...

Update (01/12/2010): Acabei de assistir ao último episódio da última temporada e, sim, haverá um post para encerrar esse assunto! Mas vou deixar pra depois, senão vou acabar me deixando levar pelo espírito de "final de série".

Update (02/12/2010): Enfim, o post: (Clique aqui para ler)

Marilena Chaui: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais

domingo, 19 de setembro de 2010

Um domingo [nada] qualquer

Era um domingo qualquer e eu estava meio entediado. Daí o Alê teve a brilhante idéia de irmos à igreja de Sacre Coeur, que não conhecíamos. E foi uma excelente idéia, o lugar é fabuloso, tem uma escadaria enorme e a vista, lá do alto, é impagável (fotos ainda na máquina, mas hei de postar depois). Aliás, percebi que lá foram rodadas algumas cenas do filme da Amélie Poulain, que eu falei no post anterior. Enfim, a vista é linda e a igreja, por dentro, também é incrível.
Saímos de lá e resolvemos ir a um bosque que ficava na última estação do metrô de Sacre Coeur, chamado Bois de Boulogne. Ao chegarmos resolvemos alugar uma bicicleta, o que foi legal, pois o parque é todo plano e dá pra pedalar sossegadamente por entre as árvores. Aliás, um lugar lindo que merece ser visitado, certamente. Mas o mais legal é que vi um esquilo vermelho bebendo água no riacho! Tentei tirar foto, mas a bicicleta o assustou e ele despareceu. Mas foi realmente uma supresa pra mim, nenhum outro esquilo apareceu depois.
Quando íamos devolver a bicicleta, resolvemos pedalar mais, até a Avenida Champs Élysées, pois eu queria dar uma olhada na loja da Virgin, uma concorrente da Fnac por essas bandas. Isso foi possível porque pode-se alugar uma bicicleta num local e devolver em outro, sem problemas. E fomos. Aquela avenida é um luxo só, e cheia de gente, normalmente. Mas em frente a um cinema todo chique havia uma aglomeração exagerada, e resolvemos conferir (por insistência do Alê, assumo, eu queria continuar a andança pela avenida). E sabe quem iria aparecer lá? A Julia Roberts, para o lançamento do seu novo filme Comer, rezar, amar. Subimos em um muro que tinha lá, dividindo o espaço com centenas de outros curiosos, mas deu pra ver a moça chegando, linda, simpática, linda, educada, atenciosa, linda e , eu já disse linda? Ok, ela estava longe, uns 20 metros do nosso disputado ponto de observação, nem deu pra tirar fotos. Aliás, tinha tanto fotógrafo lá que nem teria como, eles ocupavam todos os bons espaços. Mas eu vi, ela estava lá, linda, como os cabelos castanhos, enfim, linda. Eu nem acreditei naquilo. Mas era verdade.
Voltamos pra casa rindo como dois bobos, afinal quando na vida a gente ia imaginar cruzar sem querer com a Julia Roberts? Coisa do destino, mesmo.
E eu achando que a sorte do dia era ver o esquilo vermelho!

sábado, 18 de setembro de 2010

Sobre Paris, cinema e a ilusão

Quando terminei o post anterior imaginei fazer algo meio folhetinesco, numa sequência de acontecimentos. Não vou. Pois, se for assim, os dias vão passando e vou acumulando coisas que poderiam ser escritas, mas não estão na "ordem sequencial" (não sei se essa expressão é redundante, mas gosto dela assim). Assim, vou falar sobre uma parte do dia de hoje, que foi muito bacana e merece registro.
Logo cedo tomamos o café e fomos para Montmartre. Tinha duas coisas que queríamos fazer por lá, além, é claro, de conhecer uma nova região: ir ao cemitério do bairro, onde (creio eu) está enterrado meu caríssimo pintor Jean-Baptiste Debret, fantasminha camarada que me acompanha desde os tempos de graduação, ou conhecer o Café des 2 Moulins, onde foi gravado parte do filme O fabuloso destinho de Amélie Poulain. Não é difícil supor que optamos por ir ao café.
O bairro de Montmartre é muito bonito, tem, como posso dizer, uma cara bem francesa (?). Pequenos bistrôs, ruas estreitas, mesas nas calçadas e mercearias onde se vendem flores, frutas, legumes, frutos do mar e coisas assim, além, é claro, de muitos turistas. O café do filme realmente existe, mas há que se fazer algum esforço pra reconhecer o ambiente.
Por dentro, há muitas diferenças, além da mais óbvia que é a inexistência da tabacaria da personagem Georgette - que de fato havia, mas foi retirada quando o café passou para um novo proprietário. As redondezas do café, por sua vez, não são calmas como aquelas mostradas pelo filme, que na película são suaves como a própria Amélie. Isso só mostra que o cinema é, sim, uma arte, que pode até trabalhar com elementos do chamado "real", mas faz deles gato-e-sapato e cria uma nova realidade - nesse caso, muito mais interessante. Não que o lugar não tenha seu glamour - as fotos de Audrey Tatou espalhadas e a permanência de alguns elementos característicos, como o banheiro unisex e as luzes no balcão, não permitem que esqueçamos de onde estamos. É uma experiência muito legal.
Ainda na coisa do filme criar uma nova realidade, me pego aqui pensando na cidade de Paris que ele nos sugere: tão calma e vazia, mesmo quando as cenas são nas estações de metrô ou em praças públicas. Talvez por isso o filme seja tão agradável. Ele oferece um mundo meio mágico em que a personagem do filme supera, de forma intrigante, mas não menos apaixonante, sua incapacidade de se envolver profundamete com as pessoas. Não sei se as coisas tem que ter uma função, mas acho que o cinema, muitas vezes, oferece ao público experiências que só ele pode. Ele consegue criar um mundo diferente, mas em tudo parecido com o nosso. Isso é ou não é um tipo de magia? Eu diria mais, é bruxaria da boa!



(Esquina onde fica o Café des 2 Moulins, na rua Lepic, 15)


(Café des 2 Moulins, ambiente interno com fotos de Audrey Tatou)

(Fotos: Aquarelas na chuva - blog)

---

INFORMAÇÕES SOBRE O FILME

Diretor: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Yolande Moreau, Artus de
Penguern, Urbain Cancelier, Dominique Pinon, Maurice Benichou.
Trilha Sonora: Yann Tiersen
Duração: 120 min.
Ano: 2001
País: França




terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aquarelas Francesas

Eu tinha pensando em criar um blog parelo para escrever durante a viagem, mas como percebi que a coisa não rendia, achei melhor deixar tudo por aqui, mesmo. Se eu não atualizo um blog com a frequência necessária, imagine dois? Portanto, sempre que possível passarei por aqui para compartilhar minhas impressões dessa primeira viagem para fora do Brasil.
Vou começar do começo.

O Vôo

A viagem de avião teve duas escalas antes de chegar a Paris: uma em Brasilia e outra em Lisboa. Não é segredo pra ninguém que eu não gosto de voar, mas admito que é confortante saber que pode-se atravessar o mundo em poucas horas. De São Paulo a Brasília foram quase duas horas de vôo pela TAM, com direto a almoço gostosinho composto de arroz, feijão, carne e salada. Très brésilien. Foi show, a tripulação era ótima e atenciosa e o avião praticamente não tremeu. Em Brasília encontrei um certo caos, a fila para o check-in no guichê da empresa (TAP) era gigante e já estava na hora de embarcar. Mas como toda aquela multidão tinha o mesmo destino, eles não deixariam todos ali, né?
Como eu já falei, era minha primeira vez numa viagem ao exterior e tudo era novidade. Achei o avião enorme e, como sempre me disseram, é sempre melhor voar nesses tipos, pois chacoalham menos no céu. O que eu sei é que o treco tremeu e muito ao passar na altura do Equador, em pleno oceano Atlântico, e tremeu por um bom tempo. Eu morro de medo de turbulências, sempre acho que vão cair aquelas máscaras de oxigênio (o que, convenhamos, significa: "vamos todos morrer"). Mas isso não aconteceu. A comida era boa e os comissários de bordo, todos portugueses legítimos, simpáticos, mas não exageradamente pacientes com o bando de passageiros da classe econômica (como eu). Às vezes eles eram meio secos, mas jamais mal-educados. Conosco foram sempre atenciosos, mas sem exageros (estávamos preocupados com a coisa de trocar de avião, por conta da bagagem e dos horários dos respectivos vôos, mas ninguém lá dentro sabia direito o que nos informar sobre isso). Enfim, deu certo.
Chegamos em Lisboa e foi a maior emoção, ao pisar no chão meu coração parecia que ia saltar pela boca. Enfim eu estava no tal Velho Mundo. Mas faltava menos de 20 minutos para o vôo para Paris, de modo que nem deu tempo de apreciar esse momento. Levei uma bronca do funcionário da Imigração, pois passei pela porta da direita ao meu guichê, quando deveria ser pela da esquerda - detalhe: as duas portas davam no mesmo destino. Enfim, eu não estava em casa, de modo que aceitei a bronca e pedi desculpas. Várias!
O vôo para Paris foi sossegado, mas a aeronave era velha, parecia um ônibus daqueles antigos. Nem tinha água ou café. Foi a seco, mesmo. Mas nem importava, em poucos minutos estaríamos em Paris, e isso era tudo o que importava.
Assim, por volta das 10 da manhã do dia 6 de setembro de 2010 pisamos em solo francês, no aeroporto de Orly. Mas isso já é assunto para outra postagem!

Bisou!

terça-feira, 7 de setembro de 2010




Novas postagens em breve...



sábado, 24 de julho de 2010

2010, parte 2

Olha eu aqui, só pra lembrar que o blog ainda está ativo. Talvez não muito, mas quem disse que seria diferente? Escrever por obrigação, como já falei, basta na vida profissional, e olha que mesmo assim eu não forço "muito" a barra, viu?
De todo modo, bateu aquela vontadinha de escrever e aqui estou, para dizer que esse ano tem passado rápido demais. Mas isso não é ruim, apesar de assustar um pouco - afinal, bem, preciso dizer que é meu último ano de doutorado, a tese se encaminha para um final, e tenho alguns meses para terminar de escrever - o que inclui ainda pesquisas a serem realizadas nos meses que se seguem - voltarei ao assunto - em outra postagem, provavelmente durante essa etapa da pesquisa. Adianto que vai ser uma etapa muito especial, e por isso farei de tudo para achar um tempinho para regitrar um pouco da experiência aqui.
Ano que vem, bem, ainda está meio longe, mas não paro de pensar nele. Sabe-se lá o que me espera (haverá vida após o doutorado?). Pernas pra que te quero! Apesar do medo de me imaginar ao final de uma estrada que, de fato, começou em 1998 no meu primeiro ano de graduação em Ciências Sociais, há por outro lado a excitação das novas possibilidades... Dar aulas? Começar outra pesquisa? Comprar uma bicicleta? Sei lá!
O que importa agora é adentrar a fase final de minha pesquisa de doutorado, com tudo de legal que ela promete, e ao final apresentar a tal da tese. Mas, até lá, ainda há um bocadinho de água pra passar debaixo da ponte. Que sejam águas calmas!

domingo, 20 de junho de 2010

Rio de Janeiro, outra vez.

Viajar para o Rio de Janeiro sempre é bom. Cidade realmente linda, repleta de lugares históricos importantíssimos e paisagens fantásticas. Dessa vez minha temporada será curta, devo voltar para casa em poucos dias. Às vezes penso que, se morasse aqui, talvez a tese ficasse bem melhor, tanto pelos acervos documentais e artísticos quanto pelas paisagens. Hoje, por exemplo, fui tomar café no Forte de Copacabana, e a vista de lá é indescritível (tirei umas fotos, mas só vou descarregar da máquina quando estiver em casa). A água, perto da margem, é clarinha, e dava para ver o fundo. Por conta disso, foi possível ver uma tartaruga marinha nadando suavemente em meio às ondas que castigavam as pedras. Fantástico.
Alguns dirão que isso é apenas um lado da história, pois a maior parte da cidade não tem nada dessa coisa paradisíaca. Pura verdade. Mas o que na vida tem apenas um lado? Só posso falar do que conheço, e os museus e demais instituições que visito são no centro ou na orla, e ambos os locais são lindos de morrer. Há todos os problemas de uma cidade grande, e os agravantes de uma como o Rio: sistema de transporte público complicado, violência urbana em todos os lugares, pobreza evidente nas ruas, calor de 30º mesmo no inverno, ares-condicionados marcando 19º, comida cara nos restaurantes, atendentes pouco amistosos e por aí vai... Mas a cidade vale a pena, mesmo assim. Sempre penso que moraria aqui numa boa, e não descarto isso para o futuro, dependendo da direção que o vento tomar (leia-se, dependendo do mercado de trabalho para um sociólogo em vias de terminar o doutorado). Vai saber?
Enfim, essa cidade sempre me encantou, desde a primeira vez que aqui estive, em 2003, e espero voltar aqui ainda muitas vezes.

--


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quase notícias

Olha eu aqui! Faz tanto tempo que não posto nada que quase me esqueci da senha!
Na verdade, como eu mencionei desde o começo, esse blog surgiu por uma necessidade de escrever publicamente coisas que eu achasse interessantes, sem que isso tornasse uma obrigação.
Às vezes penso coisas que talvez resultassem em posts legais, mas geralmnte o Twitter resolve isso em menos de 140 caracteres... É uma concorrência desleal, eu sei, mas resolve um pouco a eventual necessidade de publicar algo "nesse mundo". De todo modo, sempre que atualizo o Twitter aparece no blog, o que faz as coisas não ficarem sempre as mesmas por aqui, em tempos de falta de tempo ou criatividade.
Enfim, o blog está aqui, e fico feliz pelo espaço. É como se foose uma página em branco, sempre disponível, esperando pacientemente minha vontade de escrever.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O ranzinza

É simples: vivemos em sociedade e para que isso não seja um caos total, existem umas regrinhas que precisam ser respeitadas.
Nos parques de São Paulo, por exemplo, há pistas para ciclistas e pistas de caminhada - mas me canso de ter que desviar de bicicletas enquanto caminho. Será que é tão difícil cumprir um acordo simples como esse? E não é por falta de avisos, que estão todos espalhados pelo parque, mas por falta de bom senso das pessoas, mesmo. As pistas de ciclismo do Parque Villa Lobos, por exemplo, são ótimas, não há motivo para querer se embrenhar nos espaços reservados aos pedestres. O que seria para mim um momento de prazer, torna-se um momento de exercitar minha tolerência. Ainda sobre os parques, tem a coisa dos cachorros. Adoro animais, tenho dois gatos, mas não consigo conceber uma pessoa que leva seu "bichinho" de dois metros e dentes afiados passear sem focinheira. Eu chego a gelar quando passo por um daqueles cães ferozes que nem sei o nome da raça, sem nenhuma proteção - às vezes, a pessoa que está com o bicho parece não ser capaz de segurar um poodle se precisar, imagina um animal daquele porte!
A mesma coisa percebo no metrô. Se há uma regra básica que consiste em esperar as pessoas sairem do trem antes de entrar, e ela está escrita logo na porta, por que isso nunca acontece? A mesma coisa serve para as escadas rolantes, em que a esquerda tem que estar sempre livre, mas quase nunca está.
Veja bem, não quero parecer um fascista, eu prezo pela liberdade. Mas situações como essas me privam de exercer a minha própria liberdade. Quero poder caminhar no parque sem ter que desviar de bicicletas ou de cachorros ferozes sem focinheira; quero sair do trem sem ser, necessariamente, empurrado por quem entra; quero pode circular pelo lado esquerdo da escada rolante, caso eu tenha muita pressa naquela hora. Tudo parece simples e banal, mas o que acontece é que algumas pessoas passam como um trator sobre a liberdade individual alheia, em prol dos seus próprios interesses. Até entendo que os riscos de se desejar essa ordem pode beirar o fascismo, mas respeitar o outro não me parece ser uma privação da liberdade individual, mas uma condição da vida em sociedade.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Há 25 anos...

É, devo estar mesmo velho: hoje faz 25 anos que entrei na escola. Quando falo escola, é a primeira série do primeiro grau (faz tanto tempo que hoje isso se chama ensino fundamental, se não me engano). Não fiz pré-escola, na época não era obrigatório e ninguém fez questão de me colocar lá, ainda que eu o quisesse muito. Eu desejava imensamente ir à escola, tanto que vivia enchendo a paciência de meus irmãos mais velhos, "vamos brincar de escolinha?!", tanto que aprendi a ler e escrever aos 4 anos de idade, o que mais tarde, na escola, iria me ajudar, de um lado, e me atrapalhar, de outro. Primeiro atrapalhou, pois eu não tinha o menor ânimo pra preencher letrinhas tracejadas, quando já tinha capacidade de fazer pequenas redações... Pelo menos as professoras perceberam isso, e me colocaram na segunda série... contudo, tive que fazer a segunda série de novo - "ele tem pouca idade para a terceira série, ainda", disseram. Mas foi bom, aproveitei bem minha duas segundas séries. Ou seja: não tive pré-escola nem primeira série... coisa de maluco.
O primeiro dia de aula foi horrível, eu estava morrendo de medo afinal era um bichinho do mato, quase literalmente. Todo mundo tinha um grupo, e eu, que nunca havia estado numa sala de aula, tive que construir isso aos poucos... e quando estava quase lá, mudei de sala, daí tive que começar tudo de novo. Mas reencontrei meus amigos na segunda série, e todos achavam que eu era repetente...
Enfim, poderia ficar horas falando disso, mas o fato é que nunca, em todos esses anos, eu me esqueço que dia 25 de fevereiro faço um tipo de aniversário: o dia em que entrei na escola.
Foi, sem dúvida, uma das coisas mais importantes de toda a minha vida. E ano que vem, se tudo correr bem, terminarei meu doutorado... acho que aí se fecha um ciclo... um ciclo de 26 anos!
É, acho que estou mesmo ficando velho.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

(Ainda sobre) A volta do Roxette

(Editado em 23/02/2010)

Enfim o Roxette está em estúdio gravando seu oitavo álbum de músicas inéditas, o mais recente desde Room Service, de 2001. A expectativa é grande, especialmente por se tratar de um retorno que era improvável, ainda que as coletâneas lançadas nesse período, com um ou outra faixa inédita, acalmassem os fãs mais devotos. Em 2008, Per Gessle lançou um álbum solo em inglês, e fez uma turnê européia de divulgação com o sugestivo slogan "The man of Roxette". Cantando basicamente músicas que ele compôs para a dupla, a turnê teve boa repercussão, e contou com a participação especial de Marie Fredriksson nas últimas apresentações, o que marcou a volta de ambos cantando ao vivo em um palco. Depois disso, eles se apresentaram como dupla em um evento europeu chamado Night of Proms, onde cantaram meia dúzia de canções conhecidas pelo público, como Listen to your heart e Joyride. Como todos sabem, Marie passou por graves problemas de saúde em 2002, o que provocou uma série de mudanças em sua vida. Com a mobilidade reduzida, não tinha mais tanta segurança para cantar para milhares de pessoas por duras horas, como ficou conhecida no Roxette. Porém, as apresentações do ano passado parecem ter lhe trazido de volta a autoconfiança, e agora teremos um show completo do Roxette, com previsão de duração de 70 minutos. O problema é que o show acontecerá em um evento sueco chamado The race legends, uma espécie de fórmula 1 que dura 3 dias. Problema por quê? 1: Porque para ir ao show, a melhor opção é comprar o ingresso para todas as corridas, o que não sai barato; 2: Porque haverá uma quantidade limitadíssima de ingressos à venda apenas para o show, não pouco caros, por sinal; 3: Porque estão vendendo esses tais ingressos 8 meses antes do show, o que é um absurdo; 4: Porque essa tal corrida acontece em uma cidade do interior da Suécia chamada Anderstorp - podia bem ser em um local mais acessível.
Porém, entendo que marcar um show em um local como esse facilita as coisas por permitir uma apresentação menor, cuja estrutura já está montada. Espera-se, contudo, que com os resultados dessa primeira apresentação "bucólica" a dupla resolva fazer shows em locais mais acessíveis, possibilitando, dessa maneira, que um maior número de pessoas interessadas na dupla compareçam, e não apenas o público que estará lá para assistir corrida* e, por acaso, vai poder ver a volta efetiva do Roxette.





* Estima-se que 45.000 pessoas compareçam aos 3 dias de corrida, ainda que Per Gessle tenha sugerido que o local do show não comporte mais que 10.000 pessoas.

---

Segundo novas informações do site The Daily Roxette, haverá mais shows:

Roxette to play Russia

Written by tevensso on February 19, 2010 to , and . Source: d&d management.

This just in! Roxette is to play Russia this fall. So far dates confirmed are:

September 10 - Moscow Mega Sport Arena
September 12 - St. Petersburg New Arena

Per comments on Roxette.se:

It feels fab to start the new year announcing live concerts by Roxette. Both Moscow and St Petersburg should be great fun! And if we're all lucky there's even more to come. By the way, the new recordings are going great, we'll continue sweatin' it out for the next six months or so. You'll find videos/pics from the recordings on Snowfish.

Cheers, P. "

(Fonte: The Daily Roxette)



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Neverending blog

Esse post é quase que uma resposta a uma cobrança do seu próprio criador... afinal, faz um tempinho desde o último, e isso foi no ano passado. É só pra dizer que o blog, apesar de parado, está ativo... não tenho planos e não vejo necessidade de excluí-lo, ainda que a critatividade ou vontade de escrever coisas novas estejam em baixa por aqui! Gosto desse espaço e da possibilidade de escrever publicamente coisas que acho que devam ser publicamente escritas. Imaginar um leitor sempre é uma coisa instigante, mesmo que as visitas ao blog sejam, na grande maioria das vezes, resultado de buscas no Google por imagens - rs...
Mas hoje li um post de minha querida amiga Cris, aquela que, através de textos deliciosamente escritos, me motivou a criar um espaço pra mim também, e me deu aquela vontadinha de escrever algo. Assim, cá está o primeiro post de 2010... algo me diz que o segundo semestre será mais recheado, mas prefiro manter o suspense até lá...

Enquanto isso, estarei por aqui...