sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

The long goodbye

Há cerca de seis meses eu me via preocupado com a iminência da viagem para Paris, e de como as coisas seriam: "Será que vou entender o que as pessoas falam? Será que o tempo vai passar rápido? Será que vou conseguir fazer aquilo que planejei? Será que vou sentir muita saudade de casa? Será... será... será?"
Bom, a vida só se aprende sendo vivida. E eu vivi Paris. Nem preciso dizer que é uma cidade linda, cheia de cultura, de lugares incríveis, de boa comida, de vinhos baratos e deliciosos, de queijos formidáveis, enfim, de tudo aquilo que sempre se ouve dizer de Paris - mas com um adicional imprescindível: muitas pessoas maravilhosas. Sim, em geral, o povo francês não é realmente acolhedor, e isso eles mesmos reconhecem. Mas se você tem a chance de se aproximar, de se mostrar, de provocar, muitos deles podem ser companhias sensacionais e, algumas vezes, amigos de verdade.
Eu tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas incríveis aqui, não apenas franceses, mas também ingleses, escoceses, turcos, enfim, pessoas de todo o mundo, muitos dos quais hoje fazem parte do meu rol de amigos. E a coisa mais triste de deixar essa terra não é ficar longe da paisagem ou da cultura, sem dúvida uma perda enorme, mas sobretudo dos amigos que fiz aqui. Claro que a cidade ajuda, e os encontros aqui são sempre regados a bom vinho, boa comida e boa conversa.... como dizemos, todos aqui ficamos muito "gaté" (mimados). Não que não haja problemas, eles existem em todo lugar, mas creio que pra mim só ficarão boas lembranças. E reitero, especialmente por causa das pessoas que eu conheci. Elas foram acolhedoras e gentis, muito mais do que eu poderia imaginar.
Enfim, falta agora muito pouco pra voltar pra casa, e levo daqui muita coisa na bagagem. Aprendi muito, não apenas para a tese, mas para a vida - missão cumprida. Estou triste, pois vou deixar para trás uma série de coisas que se tornaram importantes, e me refiro especialmente às novas amizades - mas também estou muito feliz. Feliz porque volto pra casa, para os meus amigos de sempre, para os meus familiares, para os meus gatos... que saudade desse povo todo! Não seria ótimo se o mundo fosse menor e a gente pudesse ficar perto de todo mundo que gosta?
Mas enfim, c'est la vie, e ela continua...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Há 26 anos...

Bem, no ano passado eu escrevi um post celebrando a data em que entrei na escola, 25 de fevereiro de 1985... faz um tempinho, não? O curioso é que eu nunca me esqueço da data, nem sei porque, mas não esqueço. Até resolvi consultar no calendário do computar pra conferir se caía mesmo numa segunda-feira, e como olhei errado, pensei que caía numa sexta. Foi uma decepção, pois uma data que eu considerava tão importante, a ponto de me lembrar sempre, era na verdade alguma confusão das minhas próprias lembranças - o que me rendeu um post que nunca vai existir aqui, pois, de fato, dia 25 de fevereiro de 1985 caiu numa segunda-feira. Que alívio!
De todo modo, isso é algo pra se pensar: até que ponto devemos confiar nas memórias da infância? Eu já me questionei várias vezes sobre coisas que me lembro como realidade, e que podem ser, muito bem, sonhos que tive ou mesmo invenções da minha cabeça. Não dá pra ter certeza. Aliás, memória é mesmo uma coisa incerta, e rememorar não deixa de ser um ato de criação ou de reinvenção do próprio passado - uma releitura, talvez.
Mas, enfim, hoje faz 26 anos que entrei na primeira série, e aquele foi, definitivamente, um dia inesquecível.

* * *


Observação: apesar de no Brasil ainda ser dia 24, aqui em Paris já é dia 25, de modo que acabei adiantando um pouco o post comemorativo! Viu só como começam as confusões com as datas?


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre Charm School, novo álbum do Roxette


Depois de 10 anos sem um álbum de músicas inéditas*, o Roxette reaparece no cenário pop mundial com Charm School.
Eu pensei muito se deveria escrever algo sobre o disco, ou então quando o faria. Mas eis que hoje resolvi. Não é uma resenha - posso até fazer isso outro dia, comentando cada faixa, mas quero apenas deixar aqui algumas primeiras impressões.
O disco, de maneira geral, tem sido bem recebido mundo afora, e alcançado o topo das vendas logo na primeira semana do lançamento. Parece que a maioria dos fãs ficou contente com o resultado, mas há uma parcela que não gostou, considerando o álbum monótono. É um ponto de vista. Para mim, trata-se de um álbum maduro, suave e coerente - e, tenho certeza, repleto de músicas lindas. Nele pode-se encontrar um pouco de tudo o que o Roxette já fez, de canções pop dançantes (She's got nothing on (but the radio)), passando por baladas de classe como No one makes it on her own (uma das músicas mais lindas da dupla) e folks como Dream on ou Way out, a faixa de abertura do disco. Only when I dream provavelmente é a balada mais próxima à tradição do Roxette, com uma levada mais atual e urbana. Foi de cara a música que mais gostei.
Quem procura, porém, as guitarras rasgadas e os violinos dramáticos de Crash! Boom! Bang! (1994) ou a sonoridade dançante de Have a Nice Day (1999) ficará decepcionado. Também gosto muito desses dois discos, especialmente do Crash! Boom! Bang!, mas agora a proposta é outra. É o retorno do Roxette, após anos de incerteza quanto à continuidade da dupla. E o álbum reflete um pouco da atmosfera de revitalização do duo. Não mais dois jovens suecos em busca da fórmula pop perfeita para ganhar as paradas mundiais ou mesmo de artistas maduros que procuram se manter no auge atualizando seu som conforme as tendências atuais. Trata-se de um álbum calmo, suave, mas vibrante e cheio de vida. Para mim, um dos melhores trabalhos da dupla, sem sombra de dúvida. Talvez um dos que tenha mais personalidade, ainda que alguns prefiram chamar isso de monotonia. É um exemplo para as novas gerações de como se fazer música pop sem cair na mesmice, nem se rebaixar às batidas recorrentes nas paradas de sucesso. Uma verdadeira Charm School**...






* Em 2006 a dupla lançou as músicas One wish e Reveal na coletânea A Collection of Roxette Hits: Their 20 Greatest Songs!

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Escola de boas maneiras.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Túmulo de Debret

Hoje visitei o túmulo do Debret. Foi realmente emocionante, afinal temos uma "relação" há um bom tempo. Ele não é muito conhecido aqui na França, de modo que seu nome nem constava na lista de "famosos" da entrada do cemitério. Na primeira vez que estive lá não encontrei nada, por isso percebi que precisava fazer uma pesquisa extra. Descobri na internet o local do cemitério onde ele estava, que era a sétima divisão. Mesmo assim não foi fácil encontrar, contei com a ajuda do Alê, que foi comigo. Mas, enfim, missão cumprida.
Sei que pode parecer meio mórbido, mas compartilho aqui a foto:



Sepultura de Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
Cemitério de Montmartre (7ª Divisão), Paris, França

Foto: Autor do blog (www.aquarelasnachuva.blogspot.com)



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