sábado, 8 de abril de 2017

A excêntrica família de Antonia ou a crônica onde nada se conclui...

Passei o filme A excêntrica família de Antonia para meus alunos. É um dos meus filmes favoritos, e me ajuda com a discussão sobre relações de gênero. Mas o que mais me impacta nesse filme não é a discussão de gênero em si (lembrando que a diretora, Marleen Gorris, é feminista). O que mais me deixa sensibilizado nesse filme é a capacidade, sobretudo das mulheres, de saberem o que querem e se recusarem a fazer qualquer coisa que se afaste disso. Secularmente, esse é um privilégio masculino. Mas acho que raramente as pessoas fazem o que querem, mesmo os homens. E o filme sugere que é possível seguir os sentimentos e, a partir disso, construir uma existência. Antonia, viúva, mãe de Danielle, aceita a amizade do fazendeiro Bas e, depois, seu amor, mas sem se casar com ele. Danielle quer um homem para ser o pai do filho que deseja, mas entregará seu coração e seu corpo apenas para Lara, a quem vê como a Vênus, de Botticelli. Thérèse, filha de Danielle, só sabe amar a matemática e a música clássica, e sente um carinho muito especial por seu primo "bastardo" Simon, com quem tem uma filha, Sarah. As mulheres do filme recusam-se a fazer algo que esteja além de seus desejos e projetos, e isso é lindo. Nada disso acontece sem sofrimento, mas nenhuma delas está disposta a fazer concessões. Por isso, e por muitas outras coisas, o filme não é apenas sobre mulheres, ou sobre o feminino, ou o feminismo: é sobre o humano, tão lindamente expresso através das mulheres maravilhosas do filme.





Filme, na versão dublada (a única completa que encontrei on-line)



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