segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os parisienses e as baguetes


Não há como negar, Paris é uma cidade linda. E uma das coisas mais legais, pelo menos para estudantes como eu, são os supermercados. Sim, locais de verdadeiro deleite, pois mesmo as comidas mais baratas são boas. Os molhos-prontos, por exemplo, são realmente bons, e não como aqueles "X"-ettes da vida que encontramos no Brasil. Hoje, por exemplo, fiz um risoto com molho pronto de champignon e ficou muito bom, modéstia parte. Mas não é sobre isso que quero falar, e sim sobre as baguetes.
Ao preço de € 0,80 compra-se a tal da baguete, sem a qual parece ser inadmssível viver-se por aqui. No final da tarde, é impressionante o número de pessoas que transitam pelas ruas com suas baguetes a tira-colo. Se existe um fato social, a baguete é o fato social francês por excelência. Tem até máquinas em que se colocam moedas e o pão sai, pronto pra ser devorado.
Sim, o ato de comprar a baguete é o próprio inicio da refeição, a pessoa simplesmente começa a arrancar pedaços de sua extremidade, e sai caminhando feliz mastigando o suculento pão deles de cada dia. Admito que, quando criança, eu às vezes comia uma parte da "bengala" enquanto voltava pra casa, mas eu raramente comprava pão, minha mãe sempre fez isso em casa. E, de todo modo, eu era criança, esse pessoal aqui é bem crescidinho e faz a mesma coisa. Já vi gente mordendo o pão, e não um sanduíche individual, mas aquele que parecia estar levando para casa.
Isso não é tudo. O trajeto desse pão, da padaria (boulangerie) até a casa da pessoa, também é algo pitoresco. Não é raro que a mesma pessoa que pega o dinheiro seja aquela que irá pegar a baguete, nem sempre com luvas ou algum objeto - é tudo bem epidérmico, mesmo. Depois disso, o comprador pega seu pão e sai contente e feliz rumo ao lar, onde terá sua refeição, geralmente com um ótimo vinho que terá pago poucos euros. Nem sempre o pão é embalado, e já cansei de ver gente colocando o pão direto na bolsa, com uma parte pra fora, tomando um gostoso ventinho fresco, ou então atrás do carrinho de bebê. No supermerado, muita gente coloca o pão solto por entre as outras mercadorias, sem embalagem alguma. Outro dia um rapaz apoiou sua baguete no corrimão da escada rolante do metrô enquanto subia, e um senhor apoiou suas duas baguetes na calçada enquanto ajeitava suas sacolas de compras. Básico.
Talvez eu seja meio neurótico, mas posso garantir que não sou o Dr. Bactéria. Porém, não entendo essa relação das pessoas com as baguetes, pois os outros alimentos não recebem esse tratamento. Acredito que seja parte da cultura, mas não entendo qual o sentido. De todo modo, nem de baguete eu gosto tanto, geralmente compro pão de forma integral, que eu prefiro.
Espero não ser mal interpretado, eu gosto muito dessa cidade e de seu modo de vida. Mas não posso deixar de me supreender com algumas coisas que considero excêntricas. Isso, na verdade, é o mais divertido da viagem!



domingo, 21 de novembro de 2010

Potiche

Outro dia fui assistir ao novo filme do François Ozon (Potiche, 2010), não apenas porque gosto desse diretor, mas porque era tanta publicidade pela cidade que minha curiosidade aumentava a cada dia.
Dos filmes que assisti desse diretor, a maioria, sem sombra de dúvida, é carregada de tamanha densidade e momentos de tristeza ou sofrimento que eu meio que duvidei do "colorido" dos posters espalhados pelas ruas. Duvidei se tratar de um filme divertido. E eu me enganei. O filme é muito engraçado, e o elenco não deixa a peteca cair. Catherine Deneuve arrasa como a dona de casa de vida monótona à sombra do marido, um grande empresário do ramo de guarda-chuvas. É essa situação, esse papel, que os franceses chamam de "potiche". Porém, em razão de uma reviravolta na trama, Suzane (Deneuve) vê-se diante da possibilidade de virar o jogo e tornar-se alguém importante, mostrando-se uma verdadeira lider carismática.
O filme, claro, é repleto de ironia e aponta certa hipocrisia da sociedade francesa do inicio dos anos 80, a falsidade de valores familiares como fidelidade, dedicação aos filhos, ao lado de interesses políticos e econômicos. A trama se desenrola de forma leve e despretenciosa, carregada de cores vivas e vibrantes, que jamais vi em um filme de Ozon - talvez no musical 8 Mulheres, só que bem mais interessante (se cuida, Almodóvar!).
O filme acaba por ser uma homengem à força da mulher e ao seu poder carismático. Pode até estar carregado de ironia, e infinitos clichês. Mas na última cena, em que Suzane canta o clássico C'est beau la vie (A vida é bela), de Jean Ferrat, me vi tão contagiado quanto sua plateia no filme (não vou dar maiores informações sobre o assunto, não custa evitar spoillers!), que tive vontade de cantar o refrão junto. É delicioso, e em tudo diferente dos filmes anteriores de Ozon - que eu adoro, diga-se de passagem - mas revelando um tipo de otimismo que nunca supus ver em um filme dele.
Recomendo, afinal, às vezes a vida pode ser uma m***a, mas ela é mesmo bela.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Roxette no Brasil em 2011


Imagine o impossível e duplique por dois, ou por três. Essa é a sensação dos fãs brasileiros do Roxette, nos quais me incluo e por isso posso falar. Primeiro parecia impossível que eles voltassem a cantar juntos ao vivo, mas eis que desde 2009, devagarinho, eles voltaram a se apresentar como dupla. Já era algo pra se comemorar, pois todo mundo achava que, na prática, o Roxette tinha acabado em 2002, por conta da doença de Marie. Mas a coisa foi além, e desse reencontro nasceu o projeto de um novo disco, o que parecia algo ainda mais impossível. E todos ficamos imensamente felizes. Daí, quando vimos, estavam os dois marcando shows em festivais de verão na Europa, em apresentações que não deveriam exceder uma hora e meia. Os shows foram um sucesso inesperado (ou não), e os ingressos eram sempre esgotados em pouquíssimo tempo. É, o mundo estava com saudade.
Eu, que estou na Europa agora, por motivos profissionais, acabei não indo a nenhum show daqui, pois além de coincidirem com a minha data de chegada, eram muito longe de onde estou, e não daria pra aparecer por lá, tanto pela distância quando pelos custos dessa empreitada. Mas eu já estava feliz, vi o que deu pra ver pelo Youtube e fiquei contente ao perceber a empolgação da dupla, da banda e de seu público - a maioria como eu, já na casa dos trinta anos, muitos dos quais, porém, não assistiram a dupla nas turnês anteriores. A última turnê mundial foi entre 1994 e 1995, eu tinha dezesseis anos! Quase fui ao show em São Paulo, mas o destino não ajudou e foi aquela frutração. Ok.
Mas eis que hoje, dia 03 de novembro de 2011, publica-se a mais bombástica e (in)esperada das notícias: "Roxette sai em turnê mundial". Parecia uma piada, mas primeiro de abril já passou faz tempo e o negócio era sério. E tem mais: essa turnê passará pelo Brasil em abril! Assim como aconteceu na turnê de 1991-1992, a primeira mundial deles, os shows acontecerão em quatro cidades brasileiras:

12.4 Pepsi on Stage, Porto Alegre
14.4 Credicard Hall, São Paulo
16.4 Citibank Hall, Rio de Janeiro
17.4 Chevrolet Hall, Belo Horizonte *

É, de fato, uma grande surpresa, especialmente para mim, pois eu realmente não acreditava na possibilidade de uma turnê mundial. Meu ceticismo não era gratuito. Em Have a Nice Day, disco de 1999, eles optaram por promover o álbum na mídia, e apareceram em alguns programas de rádio e TV no Brasil, inclusive, mas não houve show. O disco Room Service (2001) gerou uma turnê européia, apenas. Diante de tudo isso, e da história recente da banda, parecia improvável uma turnê desse porte, novamente. Mas ela irá acontecer. E eu vou.


join the joyride, everybody!!


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* Fonte: The Daily Roxette: http://www.dailyroxette.com/node/18824