sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim de 2010

Essa deveria ser uma postagem de final de ano, com algum tipo de retrospectiva. Não vai ser. Na verdade, ainda não tive tempo de processar tudo o que aconteceu esse ano, que, isso posso adiantar, foi bem especial.

Acho que farei algo assim na primeira semana do ano que vem - daí fica sendo, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre 2010 e um texto inaugural para 2011... Por hora, deixo aqui meus sinceros votos de um ano cheio de coisas boas, de projetos, de realizações, e tudo aquilo que a gente sempre deseja quando quer desejar algo de bom nessa época...

A gente se vê ano que vem.





quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E chegou o natal.

Escrever no blog me ajuda a perceber de forma mais clara a passagem do tempo. Lembro-me dos meus posts natalinos dos anos anteriores, bem como das sensações presentes na elaboração de cada um deles. Acho que essa é uma bela função para o meu blog, um registro do tempo que passa. Eu poderia fazer um diário ou qualquer outra forma de registro, mas entendo o blog mais como troca do que como um registro individual – apesar de ter minha marca, tem sempre algo de um suposto e imaginado leitor. Essa possibilidade de interação, ainda que puramente imaginária, acaba norteando os textos que saem daqui. Mas, enfim, porque estou mesmo falando disso? Ah, sim, o natal... Então, e pensando nos meus imaginários e eventuais leitores, e também nos amigos, visitantes fiéis mesmo em tempo de pouca criatividade “blogológica”, passo por aqui hoje para desejar um feliz natal.

Eu não sou religioso, mas eu adoro o natal. Acho que a festa extrapola tanto sua origem cristã quanto a insanidade comercial que se tornou – é tudo isso, mas também é mais. Acredito que os corações amolecem, que as memórias fervilham, que ficamos tristes mas, muitas vezes, lembramos de coisas que nos fazem rir e suspirar. Lembramos daqueles que, na verdade, nunca esquecemos, mas de uma forma mais terna. Eu, pelo menos, sou assim.

Nesse ano o natal será muito especial pra mim. Será a um só tempo alegre e triste (e não é sempre assim?), porque estou longe do meu país, de muitas pessoas que gosto (familiares e amigos) e dos meus gatos... Porém, por aqui o natal também acontece, é, e tem até neve, o que deixa minha “criança interior” repleta de alegria. E, além de não estar só, mas com uma pessoa muito especial, conheci pessoas legais, e passarei a noite de natal na casa de uma delas. A vida é assim, sempre surgem novas possibilidades, desde que se esteja receptivo a elas. E esse é o meu natal 2010, que ficará para sempre na minha lembrança. Não apenas porque tenho boa memória, mas em parte por conta deste espaço, um registro pessoal a céu aberto, certamente refletido e filtrado, mas jamais desprovido de honestidade.

Bem, eu comecei o post para desejar um feliz natal, acabei, como de costume, falando demais... é assim que sou.

De todo modo, desejo a você que pacientemente leu esse texto, um natal incrível, o melhor que você já teve.

Plein de bisous,


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pessoas

Admito, tem horas que eu odeio só uma coisa no mundo: as pessoas. Topa-se com tanta falta de gentileza e modos por aí, em todo lugar, que dá vontade de ficar em casa e pronto. Mas, eu sei, isso não é uma regra. O melhor do mundo, na verdade, são as pessoas.
Hoje foi a festa de confraterznização do Cérise, associação comunitária da região de Paris onde moro e onde uma vez por semana participo de reuniões de conversação em francês. Nesse lugar, onde há as mais diversas atividades e cursos a preços módicos, existe esse curso de conversação para estrangeiros, que é gratuíto. Lá eu e o Alê conhecemos muita gente interessante, de vários lugares do mundo, e todos, claro, temos que conversar em francês. A experiência é incrível. Em nossa turma há alguns turcos, uma inglesa, uma escocesa e uma japonesa. As professoras, claro, são francesas e pessoas extremamente amáveis.
Hoje, na festa de confraternização, todos os níveis de curso se reuníram, e as pessoas levaram comidas de seus respectivos países, tudo muito gostoso e interessante. De todo modo, fiquei mais próximo da minha turma, e foi muito legal pois, regada a vinho bom e comidas gostosas, qualquer conversa(ção) fica mais interessante e desinibida. É realmente interessante saber coisas sobre o modo de vida de outros povos, suas comidas, bebidas, sentimentos, e, da mesma forma, explicar nossas idiossincrasias para essas pessoas. E, com isso, o francês vai se tornando cada vez mais presente na vida.
Antes de vir para Paris eu tinha feito um curso de um ano, o que era suficiente para ler textos acadêmicos. Eu imaginava que esse francês seria suficiente para chegar aqui, e que em pouco tempo eu estaria "craque". Doce ilusão. Chegar aqui foi a constatação de que eu não sabia nada, e que conversar sobre o troco no supermercado seria tarefa inexequível. Tive então a certeza de que eu não iria aprender nada, e deveria me contentar com minhas leituras na biblioteca que, de todo modo, eram a única coisa importante para a realização das minhas pesquisas de doutorado. Mas depois de entrar nesse grupo de conversação as coisas melhoram muito, e de pouco em pouco meu ouvido foi se acostumando com as conversas, e minha timidez diminuiu, a ponto de eu poder dizer, agora, "não entendi, dá pra repetir mais devagar?".
A lingua é uma ferramenta, útil, importante, e necessária não apenas para ler bons livros em outro idioma, mas para interagir com outras pessoas. Uma coisa ajuda a outra, e assim vai...
O mais legal é isso, fazer amizades, e conhecer outras realidades. Só posso falar por mim, mas mesmo tendo vindo acompanhado para um país estrangeiro, a vida pode ser muito difícil, por mais que se trate de uma cidade cosmopolita. O que faz a diferença é a interação com o mundo, com as pessoas. Partilhar experiências enriquece a mente e fortalece as emoções. Ser estrangeiro nunca é fácil, mas quando se compartilha as próprias experiências, tudo fica muito mais fácil e divertido. Afinal, o melhor do mundo são as pessoas.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O outro lado da neve

Hoje o dia amanheceu do jeito que eu sempre quis ver: um bocado de neve caindo do céu, deixando os telhados brancos. Como moro no último andar, posso ver a neve caindo sobre os prédios menores, e é mesmo uma coisa bonita. Mas não dá pra ficar em casa vendo essa "beleza", pois a vida acontece, também, do lado de fora. Foi então que eu comecei a enteder a razão de o pessoal daqui não curtir muito esse acontecimento.
As calçadas e as ruas ficam cobertas por essa neve, que vai derretendo e se transforma em um tipo de lama, meio fofa, meio rígida, com pequenas poças d'água. O resultado é um chão liso e perigoso de se caminhar. Os carros circulam com cautela, pois há riscos de acidente. O metrô no final da tarde estava um caos, trens lotados e atrasados, e os ônibus pararam de circular, por conta das ruas escorradias. Não entendo como isso pode acontecer em uma cidade como Paris. Como eles não prevêem situações como essa? Enfim, a neve promoveu certo caos, em parte porque aqui não é comum nevar no inverno, e em parte porque o inverno sequer começou. Acho que isso deve ser menos problemático no Alasca ou na Suécia, onde a neve é, todo ano, uma realidade esperada e conhecida.
E eu? Nem ligo, continuo achando lindo, e torcendo para que neve no natal. Let it snow!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Charm school", novo álbum do Roxette (2011)

Está previsto para 11 de fevereiro de 2011 o lançamento do 8º álbum de estúdio do Roxette, 10 anos desde Room Service, último álbum de músicas inéditas. O novo álbum ganhará três diferentes versões: simples, duplo (com um CD de bônus, contendo de b-sides, talvez gravações ao vivo das últimas apresentações da dupla pela Europa no último verão) e vinil.



Dia 06 de dezembro o site Musicserver.cz anunciou o tracklist, que foi posteriormente confirmado por Per Gessle:

  1. Way Out
  2. No One Makes It On Her Own
  3. She’s Got Nothing On (But The Radio)
  4. Speak To Me
  5. I’m Glad You Called
  6. Only When I Dream
  7. Dream On
  8. Big Black Cadillac
  9. In My Own Way
  10. After All
  11. Happy On The Outside
  12. Sitting On The Top Of The World
Agora é esperar pra conferir!

Em janeiro já sairá o primeiro single, She’s Got Nothing On (But The Radio), que terá com b-side uma versão ao vivo de Wish I could fly. Outro dia Marie cantou um trecho do refrão da música nova para alguns fãs em um evento que aconteceu na cidade de Malmö, e já deu pra perceber que aí vem coisa boa! (aliás, o vídeo com essa "canja", que estava no Youtube, já foi removido, infelizmente).




Atualização (23/02/2011): Clique aqui para ler um texto que escrevi sobre o álbum.


Mais notícias em português:
http://www.roxettebrasil.net/

Site oficial:
http://www.roxette.se/


sábado, 4 de dezembro de 2010

Brincando na neve

Todos dizem que é raro nevar em Paris, mas o fato é que tem nevado, e eu fiquei bem contente, pois tinha muita vontade de conhecer neve. Outro dia, quando fomos até a Universidade de Versalhes em Saint-Quentin-en-Yvelines, vi que tinha nevado um bocado por lá, mais do que em Paris, e pude tirar umas fotos.



Imagina-se que a neve é o pior sinal de frio, mas já passei dias mais frios por aqui apenas com chuva, que, a meu ver, é bem mais gelada, pois molha a roupa.
A paisagem com a neve é linda, calma, suave. Fiquei com pena dos bichos, no caso, dos patos que moram no lago do bosque, que no dia estava congelado. Mas imagino que eles entendam instintivamente o que está acontecendo.



De todo modo, com frio ou não, a minha "criança interior" ficou contente ao afundar a bota na neve, pegar um punhado com a mão (até sem luva, mas realmente é petrificante!), escrever a data no chão, etc. Achei lindo. Era como se eu estivesse em um daqueles cartões de natal que ficava olhando na infância - com aquele natal norte-americano, claro, cheio de neve - ai que ódio, pura alienação. Mas não tenho como negar que acho lindo. Penso que não gostaria de morar em um país em que todo inverno fosse assim (lembrando que ainda é outono), mas como experiência está sendo divertido.



Fotos: D. (Aquarelas na chuva).

Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.




quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Meu reencontro com Ally McBeal (post final)

(Atenção: contém spoillers)

Em outro post eu comentava sobre meu reencontro com Ally McBeal, que ainda estava no começo. Ontem assisti ao último episódio da última temporada e acho que é hora de encerrar esse assunto por aqui.
De maneira geral, gostei de assistir novamente a série, mesmo porque na época eu via um episódio lá, um cá, e parece que no Brasil foram veiculadas apenas três temporadas, mesmo.
Como eu falei antes, a série é divertida e vale a pena, logo de cara criamos empatia com os persoangens. Há certa carga dramática, de algum modo todos eles são muito solitários e parecem ter grande dificuldade em firmarem-se em relacionamentos, o que acaba norteando a maioria das histórias.
As primeiras temporadas são as melhores, a segunda é o ápice, onde tudo é mais dinâmico e divertido. Na terceira as coisas começam a ficar monótonas, e por conta disso a carga dramática é maior e a "neurose" de Ally também. Tudo começa a ficar repetitivo, e o útimo episódio é mesmo ruim - a última cena é patética.
A quarta temporada dá uma revirada nas coisas. Aparece na história o advogado Larry (Robert Downey Jr), por quem Ally irá se apaixonar e apostar todas as suas fichas. Isso irá revitalizar a série, que poderia ter continuado no mesmo ritmo não fosse a saída abrupta de Downey Jr, que na época teve problemas com uso de drogas e precisou se afastar. Nem o "mundo real" poupou a personagem Ally, que acabou a temporada sozinha.
A quinta temporada começa com dois pés esquerdos. Primeiramente pelo sumiço de vários personagens, sem maiores explicações, algo que já acontecia antes, mas não de forma tão evidente. Figuras importantes como Renee e Georgia simplesmente saem de cena e voltam apenas no último episódio, assim como John e Ling, que se tornam atores convidados em um espisódio ou outro após a metade da temporada. Novos personagens surgem, e, do mesmo jeito que aparecem, somem. Isso fragiliza a história. Mas nem tudo está perdido. Nessa temporada os persoagens mostram-se mais maduros, e por conta disso há menos piadas, o que não é de todo o mal. Alguns episódios são mesmo excelentes, especialmente a partir do sétimo (tenha paciência até lá, pois dá mesmo vontade de parar logo no segundo). Da metade da temporada para o final as coisas realmente parecem mais sérias, e talvez por isso surjam alguns personagens palhaços para cumprir a função do riso, como a exótica Senhora Clarie Otons, que se torna assistente de Richard. Até o cantor Jon Bon Jovi (!) aparece como par romântico de Ally, o que, claro, acaba não vingando, mas cumpre uma função na trama. O final é interessante, direto e simples (que eu tinha contado aqui mas apaguei - é legal assistir). Apesar dos clichês e de alguns "americanismos" excessivos, é bem feito, maduro e emocionante. Acho que valeu a pena. Fica aqui a dica.
Bygones.