Este ano tem sido um ano bem interessante para mim. Interessante no sentido de fazer descobertas sobre mim mesmo, sobre meu corpo, sobre limites e possibilidades. Fazer 46 anos teve algum impacto, tanto no sentido simbólico (mais perto dos 50 do que dos 40), quanto empírico (pressão alta, problema na coluna). Meia-idade, isso deve significar mesmo algo. Mas a questão hoje, aqui, não é exatamente essa (idade), mas as coisas que podem vir com ela.
Diante de um quadro de mudanças que percebo em meu corpo, e que me obrigam a dialogar mais com ele, suas necessidades, aparecem desejos e/ou necessidades. Uma delas foi voltar a desenhar/pintar. Durante toda minha infância gostei dessa atividade, e até meus 19 - 20 anos eu ainda arriscava fazer isso com alguma frequência. Fiz um curso de desenho e pintura por correspondência aos 18 anos que meu ajudou muito - na época, pintei o sete! Depois de entrar na faculdade e no mundo do trabalho, esse hobbie foi ficando de lado, até sumir. Vez ou outra eu tentava voltar, comprava algum material, mas não conseguia mergulhar a fundo. Ficava na ideia e nos rabiscos. Mas na semana passada, minha coluna travou. Eu mal conseguia andar de tão feio que foi. E uma das atividades que me aliviava a aflição da falta de mobilidade foi desenhar. Eu já havia comprado uns materiais, estavam lá esperando o dia, que nunca chegava. E foi na crise que o dia chegou, e pude, sem pressa e sem culpa, tentar voltar aos desenhos. Percebi que, mesmo estando bem enferrujado, tem algo ali que ainda faz parte de mim e me realiza. Não sou um grande desenhista ou pintor, mas consigo me divertir com papeis, lápis, caneta hidrocor, tintas ou giz-pastel, o que for. E familiar para mim, consigo me comunicar com esses materiais, não sou um estranho para eles. Estou mais perto de mim, agora.
Uma vista. Caneta hidrocor e lápis de cor aquarelado sobre Canson. A4. 26 de junho de 2024. |
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