segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reencontrando Ally McBeal

Quanto eu assistia ao seriado Ally Mcbeall na FOX, no final dos anos 90, me divertia muito com a atrapalhada advogada Ally e suas aventuras na busca do “verdadeiro amor” ou, talvez, no próprio questionamento dessa busca. Eternamente apaixonada por seu primeiro namorado, Billy, Ally o reencontra em seu novo emprego, onde viverá inúmeras situações inusitadas ao lado de colegas de escritório não menos “malucos” do que ela. A série teve cinco temporadas e acabou em 2002, mas eu devo ter acompanhado, no máximo, duas. Eis que, mais de dez anos depois, me reencontro com Ally. Tenho assistido alguns episódios e não me canso de me surpreender com a relevância deles. Continuo achando divertido – agora dou até mais risadas, por me identificar às vezes com as “maluquices” de alguns personagens – “maluquices” que a gente só se dá conta depois de “uma certa idade”. E tenho achado os personagens mais complexos, pois dentro do dramalhão clichê e do humor quase pastelão que vivem, eles elevam às últimas consequências suas as fraquezas e medos – no caso, o medo mais explorado é o da solidão. Mas me parece, e disso só vou ter certeza se chegar a assistir tudo, que no final das contas a própria noção de solidão é questionada e relativizada. Afinal, o que é estar só? É ser solteira, como a Ally, que divide um apartamento com a amiga Renée, e vive em busca do grande amor, ou estar casado, como Billy e Geórgia, e não ter certeza da própria felicidade? Será ser só viver como a secretária Elaine, que tem inúmeros amantes, mas nenhum compromisso, ou como John Cage, certamente o mais excêntrico de todos, que tem uma rã de estimação e sente-se feliz com seu amor platônico por Nelle, ainda que ela queira uma relação concreta? Serão realmente sós esses amigos, mesmo vivendo o tempo todo juntos, dividindo, inclusive, o banheiro do escritório – palco, aliás, de grandes acontecimentos? Não sei, mas o seriado me agrada. Agrada por que trata de coisas interessantes: amor, ética, amizade, relações humanas, burocracia, tudo de forma leve, divertida e surreal. Isso com um formato que não deixa o seriado com cara de antigo – elementos de tecnologia como eletrodomésticos não aparecem com destaque – aparelhos de celular, por exemplo, não notei nenhum até agora –, o que dificulta precisar o período em que as histórias se passam. Tampouco há diálogos com situações “reais” da época, de modo que tudo fica meio atemporal. Enfim, só sei que reencontrei Ally e tem sido bacana. Recomendo para quem quer um seriado leve, despretensioso, mas nem por isso pouco complexo. O negócio é entrar no espírito da coisa, sem questionar muito a lógica dos acontecimentos – até porque, respeitando a lógica interna do seriado, tudo pode fazer muito sentido. Mas há um pré-requisito: há que se cultivar algum nível de “maluquice”, sem o qual, talvez, o seriado não seja tão interessante.


Update (20/11/2010): Agora que estou no meio da última temporada, estou com vontade de voltar a escrever sobre a série, o que talvez renda um novo post...

Update (01/12/2010): Acabei de assistir ao último episódio da última temporada e, sim, haverá um post para encerrar esse assunto! Mas vou deixar pra depois, senão vou acabar me deixando levar pelo espírito de "final de série".

Update (02/12/2010): Enfim, o post: (Clique aqui para ler)

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