quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sobre o pop elegante do Roxette


Escuto Roxette desde que tinha 14 anos. Não venho de uma família de tradição musical, em casa nem mesmo tinha aparelho de som. Nos anos 90 meu irmão apareceu em casa com um rádio gravador mono, o que foi minha grande alegria, e dele eu não me desgrudava, passava o dia ouvindo FM e gravando fitas K7. Poderia dizer “bons tempos”, pois, de certa forma, esse hábito era divertido e hoje em dia os jovens não tem a menor dimensão do seu significado. Mas também era triste. Afinal, gravar fitas não era uma opção, mas a única, visto que eu não tinha dinheiro para comprar fitas originais, e as piratas eram de uma qualidade horrível, além da maioria das músicas virem cortadas pela metade.
Enfim, foi no embalo dessa minha então nova paixão pelo rádio gravador do meu irmão que eu conheci o Roxette, em 1992. Na verdade eu os conhecia antes, pois eu assistia novelas, e a música Listen to your heart (Look Sharp!, 1988) havia feito parte da trilha da novela Sexo dos Anjos, da Rede Globo de Televisão. Mas na época eu não dei muita importância para o fato. Em 1992, porém, novamente aparecendo em uma novela da Globo, agora Perigosas Peruas, o Roxette chamou de vez minha atenção com a balada Spending my Time (Joyride, 1991). Foi o que podemos chamar de amor à primeira escutada. Provavelmente, então, eu achasse que Roxette era o nome de uma mulher, que cantava com um guitarrista (acredito que hoje em dia há muitas pessoas que ainda pensam dessa forma), mas em pouquíssimo tempo eu me tornaria fã e passaria a acompanhar tudo sobre a dupla. Aliás, “acompanhar” não tem, tampouco, o sentido de hoje, em que tudo se resolve com um clique. Era bem difícil saber das notícias mais recentes, e, não raro, um novo disco era, realmente, uma surpresa que por vezes acontecia na própria loja. De certa forma, tenho saudade daquela sensação.
Enfim, desde então escuto essa dupla, e jamais duvidei de sua qualidade musical. Aqui no blog já escrevi sobre a sua discografia algumas vezes (links no final da postagem), mas reitero aqui que, dentro do universo absolutamente genérico e indefinido chamado “pop”, o Roxette é o responsável por uma imensa coleção de melodias simples e diretas, adultas e, nem por isso, entediantes, que sempre foram boa companhia para mim. Suas letras não são complexas, antes um amontoado de versos sobre o amor ou a amizade, ou sobre a simplicidade da vida, descrita, por exemplo, como uma sequencia de “la la la's” em June Afternoon (Greatest hits, 1995). O tempo passou e todos ficamos mais velhos; é redundante, dessa forma, mesmo. Hoje ainda escuto Roxette, e suas músicas continuam sendo boa companhia em muitos momentos. Nunca outra banda ou artista pop conseguiu a mesma façanha, ainda que eu procurasse outros referentes. Receber a notícia de que eles voltariam a gravar juntos e, mais do que isso, sairiam em turnê mundial, foi uma das melhores notícias que eu poderia ter. O novo CD se chamou Charm School (Escola de Boas Maneiras, 2011), o que não deixa de ser um puxão de orelha da veterana dupla nos jovens artistas que dizem fazer música pop por aí, algumas vezes imaginando que para tal basta se vestir de maneira exótica ou cantar esporadicamente com convidados da mesma idade e gravadora. Talvez esses jovens artistas precisem, mesmo, de um pouco de boas maneiras, e quem sabe, assim, o pop melhore. Mas para mim isso já não importa, pois o que gosto de ouvir continua tão bom como antes, e ir ao show deles no dia 14 de abril, aqui em São Paulo, foi uma experiência inesquecível, sobre a qual vou escrever aqui no blog em breve. Enquanto isso, Sleeping in my car, versão ao vivo gravada em Stavanger (Noruega)* no ano passado, corre frouxa no meu som... afinal, guitarra pouca é bobagem, e "the night is so pretty and so young! Yeeeeah!"





Posts relacionados:


- Resenhas sobre a discografia do Roxette (até 2006) (parte 1, parte 2, parte 3)
- Sobre Charm School, novo álbum

* Faixa do segundo disco da versão Deluxe do CD Charm School (2011), gravado ao vivo em Stavanger, Halmstad e S. Petesburgo, em 2010.


3 comentários:

Anônimo disse...

OLá! Tudo bem? Eu não sei qual a sua idade, mas eu tenho 33 anos e escuto Roxette também desde os meus 13 anos... que foi quando conheci os hits THe LOOK, DANGEROUS e LISTEN TO YOUR HEART... muito boa sua postagem. Nossa! Rádio gravadores, fitas virgens que gravávamos músicas do rádio, eu me lembro que ganhei uma fita pirata, de uma tia, do lançamento JOYRIDE na época (deveria ter ficado com raiva dela, por ser pirata, mas fiquei foi muito contente porque os LP´s eram caros, mesmos os que caíam nas Lojas Americanas - Roxette era sempre um dos mais caros - então eu adorei aquela fitinha pirata do JOYRIDE. Posso dizer que ela foi a porta aberta para eu começar a mexer e vasculhar demais materiais do Roxette. E como era difícil, naquela época, encontrar alguma coisa a mais.

Adorei tua postagem!!!!
Mexeu com Roxette, mexeu comigo.

Abraços. FabianoCaldeira.

Priscila disse...

Anderson, que texto gostoso! Me identifiquei mto com vc falando das fitas k7, das músicas gravadas da rádio (mtas vezes pela metade) e como esta forma de descobrir o mundo talvez encantasse mais do que hj, que a um clique temos acesso a tudo.

Graças à rádio e às k7 comecei a ficar vidrada no Roxette por volta de 1996 (na época estava curtindo uma dor de cotovelo terrível tb - no final, o babaca por quem eu era apaixonada passou, mas o Rox ficou, ainda bem).

Lembro de, por quase um mês, juntar as moedinhas do lanche pra conseguir comprar o "Don´t bore us", este CD certamente foi o que mais ouvi na minha adolescência. E aqui estamos nós hoje, super felizes por termos assistido no BR o retorno desta dupla maravilhosa, tão importante na vida de uma galera que tem de 25 anos pra cima...

Parabéns pelo texto!

P.S.: Seu blog chama "aquarelas na chuva" por conta de "watercolours in the rain"?

Tania Capel disse...

pq será q todas as matérias que vi sobre o show do roxette me fizeram lembrar de vc????!!!

parabéns pela finalização da tese!

beijos e saudades!