domingo, 19 de março de 2023

Sobre o tempo (outra vez)

 Já devo ter escrito algumas vezes aqui sobre o tempo. Ah, o tempo!

Hoje vi uma publicação de que a música "The centre of my heart", do Roxette, foi lançada há 22 anos. Duas décadas e dois anos! Lembro direitinho da primeira vez que ouvi a música, um trecho, na verdade, que foi postado no site oficial da banda. Depois baixei, em algum aplicativo, e usei uns 4 disquetes para poder levar a música de um computador para outro. Realmente, era uma outra era, e o começo dessa, pois o álbum em questão teve poucas vendas, já que um aplicativo chamado Napster revolucionava a pirataria. Tudo mudou de lá pra cá. Mas a verdade é que não parece que faz tanto tempo. Parece que foi ontem. Mas, olhando em perspectiva, tanta coisa aconteceu nesses 22 anos que eu nem sei por onde começaria rememorar esse tempo. Envelhecer tem dessas coisas. Tudo começa a fazer aniversário de 20, 30, 40 anos... Estou com 44, vou fazer 45 em breve, e ainda me sinto algumas partes de mim com todas as idades que tive. É um processo muito louco. Mas é legal. Pois ao mesmo tempo em que não me sinto com 45 anos (aliás, o que seria sentir-se numa dada idade?), eu não me sinto com menos do que isso. O corpo dá sinais da passagem do tempo, minhas opiniões e concepções sobre o mundo também. Mas algumas coisas ficam. Continuo fã do Roxette, continuo casado com a mesma pessoa há 24 anos, adoro arroz com feijão e ovo frito. Parte muda, parte fica, mas talvez a única certeza é que não existe uma concepção única sobre o tempo, sobre o modo como o vivemos e o percebemos. A memória é algo vivo e não estático. Ela é recriada ao longo do tempo, e mesmo o passado nunca está lá, pronto para ser visto e reconhecido como "de fato foi" (sim, isso é Walter Benjamin). Que rica é a nossa existência. Enfim, o baile segue. Sigamos dançando, ao som de um bom e e velho pop!


Roxette. The centre of the heart (https://www.youtube.com/watch?v=JttOvEpqem0)