domingo, 13 de novembro de 2022

Não se leve muito a sério.

Quando eu estava na graduação, um estudante trabalhador que cursava Ciências Sociais no período noturno, resolvi fazer uma pesquisa que resultasse numa monografia ao final do curso. Para tanto, procurei um professor que fosse meu orientador. Depois de buscar aqui e ali, meu professor de História do primeiro ano aceitou a tarefa, e me introduziu no mundo da pesquisa em Sociologia da Arte, onde, de alguma forma, estou até hoje. Mas eu tinha certo receio de não conseguir fazer a pesquisa, ele de saída percebeu que eu era um tanto ansioso e me disse, em umas das primeiras reuniões: "vou te dar um conselho: não se leve tão a sério". Isso me deu a tranquilidade que eu precisava para fazer a pesquisa e defender a monografia no final de 2001. E segui com esse mantra vida acadêmica afora. Mas não foram poucas as vezes que me esqueci desse lema e, até hoje, me vejo afobado e ansioso com tarefas as quais parecem que não conseguirei realizar ou que, mesmo realizadas, não ficaram do modo como eu gostaria. Então, lendo alguns posts que aqui mesmo escrevi sobre isso, e com a imagem do meu querido professor de História em mente, lembro que sou um ser humano, com tempo de existência limitado e que amar o trabalho não significa ser dominado por ele. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Democracia (não mais) em vertigem

Dia 30 tivemos um dia memorável na história brasileira. A democracia venceu, contra todas as tentativas de derrubá-la. O cenário era difícil e a vitória foi por uma margem muito pequena. Mas venceu. Aqui estou, feliz, mesmo com todos os contra-ataques antidemocráticos que seguiram e ainda seguem no pós eleição. A democracia brasileira sobreviveu e crescerá.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Democracia é um processo contínuo

No domingo que vem, dia 30 de outubro, teremos eleições presidenciais no Brasil. Desde que lembro de eleições no país, e eu tinha 11 anos na primeira eleição direta para presidente, nunca vi algo parecido com o que ocorre agora. Será a eleição mais importante que já tivemos, já que o que está em jogo não são apenas posicionamentos políticos antagônicos ou divergentes, mas a própria democracia brasileira. Pela primeira vez em nossa história recente, partidos e personalidades que jamais imaginou-se poderem estar juntos, caminham lado a lado. É bonito de ver, mas o medo é imenso, pois é sinal de que o perigo é realmente grande e estamos sob risco real. Parece aqueles desenhos animados antigos, quando He-Man se juntava com o Esqueleto, ou o Mestre dos Magos com o Vingador, para vencer algo mais perigoso. Espero que essa história termine como nos desenhos, e que possamos, a partir de 2023, voltar a ter um espaço saudável de disputa de ideias e projetos para o país, e que nossa jovem democracia possa manter sua trajetória imperfeita e contínua, mas sempre buscando seu fortalecimento. Viva o 13rasil! 

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Saudade

Acho que estou numa fase meio sensível da vida. Serão os 44? Será o pós-pandemia? Sei lá. Sei que hoje o Facebook me enviou uma foto de lembrança de algo que aconteceu 8 anos atrás. Uma foto de meu gatito Pedro. Eu fiquei tão triste ao ver a foto. Pedro morreu em 2016, dois anos depois. Sinto uma saudade tão grande dele. Fico pensando se vale a pena ter pets. Eles duram tão pouco. E têm uma presença tão intensa em nossa vida. Depois fica essa saudade. Realmente não sei. Hoje tenho ainda minha doce Capitu, 16 anos, guerreira, luta há 6 anos com doença renal. Depois que Capitu se for, não temos planos de mais pets. Não sei se isso vai mesmo ser dessa forma. Mas talvez ela seja a última. Espero que fique muito tempo com a gente ainda.


domingo, 25 de setembro de 2022

Viver e amar (intensamente)

Estou ouvindo aqui a nova música de PG Roxette, espécie de continuidade do Roxette, que terminou em 2019 com a morte de Marie Fredriksson. A música é boa, alegre, radiante, com a mesma vibração dos anos 80 e 90. A música, Walking on air, é o segundo single do álbum que sai em outubro, Pop-up Dynamo! No geral a música e o projeto estão sendo bem recebidos pelos fãs, embora uma parte insista em dizer que não existe Roxette sem Marie. Bem, não mesmo, por isso agora é PG Roxette. Dialeticamente, é e não é Roxette. Particularmente, admiro a coragem de Per Gessle, tomando o legado que construiu ao lado de Marie e tocando o baile, literalmente. A vida continua. Falamos isso muitas vezes, mas nem sempre conseguimos colocar em prática. Agora há pouco me lembrei de uma amiga querida que morreu no começo de 2020, após uma curta batalha de 6 meses contra uma doença bem séria. Eu não a via há muito tempo, e soube de sua morte depois do ocorrido, pois notei que ela não postava mais fotos no Instagram, que era por onde a gente se comunicava. Não tínhamos amigos em comum, pois os poucos conhecidos em comum não faziam mais parte da vida dela. Por isso não soube nada na época. Fiquei arrasado. Lendo os últimos posts dela, sempre nos dizia para aproveitar cada dia, viver com intensidade e abandonar o que nos faz sofrer. E cultivar o que nos deixa feliz. De alguma forma, mas longe do ideal, tenho tentado isso, evitar gastar energia demais com coisas que não me fazem bem. Pois a vida é um sopro e nunca sabemos o tempo que temos. Por isso, cá estou, ouvindo as músicas novas do PG Roxette. Lembrando de como era feliz quando o Roxette lançava algo novo, ficando um pouco triste porque nunca mais ouvirei uma música nova com a voz da Marie. Também não comerei mais a comida da minha mãe, e nem sentirei meu gato, Pedro, me cutucar quando estou trabalhando no computador. Tudo isso agora é apenas parte de lugares muito doces da minha memória. São parte de mim. E há coisas por aqui, lindas, como as músicas novas de PG Roxette, meu marido, que está ali na mesa dele trabalhando, ao lado de minha gatinha Capitu, que está em nossa vida há 16 anos, e espero que ainda fique muitos! E domingo terá eleição para presidente, e estou com um grito preso na garganta. Espero que seja uma dia de libertação. Esse post foi um tanto estranho, como que uma síntese de várias emoções juntas. Mas o principal é: a vida é um privilégio. Vamos aproveitá-la. E amar, muito, sempre, excessivamente.



PG Roxette, Walking on Air.

domingo, 18 de setembro de 2022

SP e amor

Em 2002 me mudei para São Paulo para tentar ingressar no mestrado. Foi uma mudança e tanto, considerando que eu morava a vida toda no interior (Marília-SP), com algumas visitas à metrópole desde o ano 2000 ou 2001 - não lembro direito. Sempre tive certa fixação por essa cidade, morria de vontade de visitar. Pois cá estava eu, morando com meu então namorado, para essa virada radical na existência. Ele entrou no mestrado em 2002 e eu, por sorte, empenho ou esperança, acabei ingressando em 2003. Terminei o mestrado em 2006 e já estava morando novamente na cidade do interior de origem (pulei, obviamente, todo a constelação de acontecimentos nesse ínterim). O mestrado havia sido exaustivo e eu começava a me reaproximar do meu antigo trabalho, e por uns meses cheguei a pensar que deveria direcionar todo meu investimento profissional para ele. Mas acabei confirmando que minha paixão era a Sociologia e as Imagens, então em 2007 estava eu no doutorado, novamente em São Paulo, para dar prosseguimento a esse plano audacioso. Em resumo (muito disso pode ser lido neste blog), terminei o pós-doutorado em São Paulo em 2014 e meu mudei para Campinas, pois havia a possibilidade de outro pós-doc por lá e meu companheiro, agora marido (de papel passado, sim, porque desse tipo de direito a gente não pode abrir mão), havia conseguido uma vaga efetiva como docente. Dois anos depois, entre inúmeros eventos e sentimentos que não cabe falar agora, tornei-me docente na Unicamp, e esse foi o ápice de quase 20 anos de estudo, formação e luta. Hoje sou Professor Doutor II e sinto-me feliz profissionalmente. Mas, a vida tem dessas coisas, por diversos motivos, profissionais e pessoais, alugamos um pequeno apartamento em São Paulo e cá passamos alguns dias durante a semana. E novamente São Paulo faz parte da minha vida. Revisito locais do passado, alguns exatamente iguais, outros totalmente diferentes. Tenho memórias e sensações diversas. Um misto de reconhecimento, identidade e estranhamento. Gosto daqui. Sinto-me parte daqui. Mas também sinto-me de fora, forasteiro, estrangeiro (Simmel rules!). Mas quem não? São Paulo é uma cidade majestosa, desafiadora, divertida. Para mim, voltar para cá, ainda de forma intermitente, depois de tantos anos, mostra o quanto estamos conectados. Tanto se passou desde 2002, mudamos tanto, ambos. Mas ainda somos os mesmos. Guardamos sonhos no almoxarifado da alma. Ainda há muito a se fazer. Existe amor em SP.



Fonte: https://www.whatelsemag.com/10-vistas-mais-bonitas-sao-paulo/




quarta-feira, 20 de julho de 2022

15 anos de Blog e algumas palavras chave

Lembrei que este blog completou 15 anos no dia 27 de fevereiro de 2022. Eu nem acredito que ele ainda existe e (de certa forma) em atividade.

Resolvi, assim, dar uma olha no post nº 01, que se chamou "Step one... loading...". Que loucura perceber a passagem do tempo!

No post eu falo sobre a discussão entre o real e o virtual. Mas o mais legal é ver as palavras que aparecem lá e que não fazem mais sentido para um bocado de gente

Blog 

Orkut

Scraps

Google Earth

Internet rápida 

Esses assuntos acima eram novidade. O Orkut foi a primeira das redes sociais que a maior parte das pessoas usou na vida. Os scraps eram o lugar dos recadinhos dos contatos. Google Earth ainda deve existir hoje, mas na época era preciso baixar o programa. O Google Maps não era o que é hoje. Internet rápida, veja bem, a minha era 200 Kbps, eu estava bem feliz - antes era via "modem" e não passava muito de 33 Kbps. Enfim, agradeço por ter feito o blog e mantido ele por todo esse tempo. É muito legal ter essas histórias registradas. 









terça-feira, 19 de julho de 2022

Sonhos

Acabei de terminar de passar as notas de minhas turmas de graduação do primeiro semestre. Essa frase, sozinha, carrega mais significados do que pode parecer. Nela eu digo "notas", "semestre" e "minhas turmas". Se eu volto no tempo e lembro de minhas inquietações e angústias sobre o futuro, planos, ideais, uma frase como essa era um sonho, algo desejado e supostamente tão intangível. Eu lembro de sonhar, de fato, sendo professor, dando aulas, passando em algum concurso, comemorando isso... e foi tanta luta para conseguir isso. Mas consegui, e parte disso apareceu registrado nesse blog, mas grande parte, não. Muitos momentos tristes, frustrantes, desanimadores, entre os anos de 2011 e 2016, meio que ficaram apenas na minha memória, e talvez apareçam aqui "ever now and then". Viver o sonho, por sua vez, é algo que só vivendo se sabe o que é. Então após a alegria do sonho realizado começam a aparecer os problemas que todo trabalho traz junto: cansaço, frustrações, angústias, raiva, desânimo, decepção, tristeza etc. Tem horas que esses sentimentos tomam quase todo o lugar do essencial, que é maior e mais importante: a alegria e a satisfação de estar fazendo o que sonhou, num lugar legal, em condições muito boas. Não são as condições do passado, e muito menos as ideais. Mas ainda assim, é o emprego dos sonhos, "aquele pelo qual milhares de garotas matariam" (sim, o filme O Diabo Veste Prada é um guilty pleasure que assumo). Então, em dias como hoje, final de semestre, passando a notas, lembro de imaginar que legal seria poder fazer isso um dia. Passar as notas dos "meus" estudantes. Sempre quis ser professor. Terminei o doutorado em 2011 e foram 5 anos até dar certo. Cinco anos difíceis. Mas todos valeram a pena. E hoje estou aqui, terminei de passar as notas, estou ouvindo um dos meus vinis favoritos na vitrola, enquanto tomo uma taça de vinho tinto. Nada mal.

sábado, 5 de março de 2022

30 anos de Joyride, do Roxette

Em 1992 ouvi Spending my time em na trilha sonora de uma telenovela e foi amor à primeira audição. Daí pra frente comecei a querer saber tudo sobre o Roxette, dupla sueca responsável pelo hit, e de lá para cá são quase 30 anos acompanhando essa turma. Essa música foi um dos singles do álbum Joyride, sobre o qual já escrevi por aqui em algum momento (ver marcador roxette review ao final do post). Trata-se do trabalho de maior sucesso da banda, e que foi relançado ano passado, em se trigésimo aniversário, em 4 formatos físicos diferentes: vinil com as faixas 12 faixas originais, tanto na cor preta como em laranja marmoreado  (edição limitada), ambas em gatefold (capa dupla), como estava previsto em 1991 e não aconteceu; vinil quádruplo contendo as 15 faixas do CD original (que já continha 3 bônus em 1991), mais diversas versões demo ou  faixas inéditas; CD triplo, com o mesmo repertório do LP quádruplo. Ouvindo essas músicas, vejo como o Roxette foi uma banda incrível, fazendo um pop-rock de primeira linha, com músicas que ainda tocam por aí, aos quatro cantos. Joyride é realmente incrível, contendo hits como a faixa título, a já citada Spending my time, e pérolas como Fading Like a Flower e Watercolours in The Rain. Uma pérola da música pop, que pode ser escutada também nos serviços de streaming, naturalmente. Mas nada como botar um LP pra rodar... Join the joyride!




terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Ano 3 do Senhor Corona

Em março de 2020 as aulas da universidade onde trabalho tornaram-se remotas. Em março de 2022 elas voltarão a ser presenciais - ainda não sabemos bem como, mas voltarão. Se tudo correr bem. Se a pandemia manter o ritmo de desaceleração que os epidemiologistas prevêem. Foram dois anos de uma loucura que ainda não acabou e se intensifica agora, quando temos que voltar para o trabalho não-remoto. Foram anos de muito trabalho, ao contrário do que algumas pessoas cruéis e injustas insistem em dizer ("professores são vagabundos, não fizeram nada durante a pandemia..."). Só nós sabemos com o nosso trabalho foi intensificado nesse período! Só nós sabemos o esforço que foi se reinventar para buscar a excelência na formação de nossos estudantes. Só nós sabemos...

Estamos no Ano 3 do Senhor Corona. Esperamos que seja o último.

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