domingo, 31 de dezembro de 2023

Ano novo

Postagem de ano novo. Não me lembro se fiz uma no ano passado. Depois confiro.
De todo modo, este ano merece um post conclusivo.
É dia 31 de dezembro de 2023. Não foi um ano fácil em muitos aspectos. Mas foi um ano bom em muitos outros. 
Foi bom porque o Brasil teve finalmente um respiro de esperança depois de alguns anos de sofrimento (pandemia, desgoverno etc.). Voltou-se a ter esperança, mesmo dentro de tanto motivo para falta de otimismo.
Para mim, foi cansativo em termos de trabalho. Desgastante. Resolvi realizar minha livre docência este ano, por diversos motivos concluí que era o momento. Por conta disso, tive que agilizar muitas coisas no primeiro semestre, para poder, entre julho e setembro, fazer o que precisava ser feito para concorrer à vaga. Já falei disso por aqui, então não vou entrar em detalhes... Mas foi um processo bem cansativo e dolorido - tive uma sinusite que custou a melhorar, e mesmo hoje, quase quarenta dias depois, ela ainda me faz lembrar que esteve por aqui. Minha garganta segue irritada. Talvez vontade de gritar algo preso, sei lá, tipo: adeus 2023! No concurso correu tudo bem, fui aprovado com nota máxima por toda a banca e me senti muito feliz. Sou professor Livre Docente e em breve terei o cargo de Professor Associado. Que alegria para um "jovem" docente. Sim, aos 45 anos de idade me considero jovem, nessa carreira em que trabalhamos até muito longe... Tenho 7 anos de casa no meu traabalho e considero um feito ter conseguido ser livre docente nesse intervalo de tempo. Mas o corpo respondeu com essa sinusite longa. E claro, muitos outros trabalhos ficaram de quarentena, esperando para serem retomaodos, o que faz de 2024 um ano pleno de expectativas (leia-se: hora de produzir artigos!).
Há também planos de uma linda viagem em fevereiro, nas minhas efetivas férias. Mas isso será assunto para depois.
Hoje, quero apenas encerrar as atividades no blog este ano. 
Que 2024 seja mais suave.
Será.

Feliz ano novo.

A.

Míúsica no play agora: Place your love (Roxette, 1994).





domingo, 10 de dezembro de 2023

Quatro anos sem Marie Fredriksson

Quase deixo passar, mas faz 4 anos que o mundo perdeu Marie Fredriksson, mais conhecida mundialmente como "Roxette", nome da dupla sueca da qual faz parte, junto com Per Gessle, desde 1986. Comcei a ouvir o Roxette em 1992, por conta da atenção que me despertou a música "Spending My Time", então parte da trilha sonora da novela "Perigosas Peruas". Na época eu começava a me tornar um maníaco por música pop, e ouvir essa balada me fez buscar tudo o que pudesse encontrar sobre eles. E me tornei um fã fiel, tão fiel que até hoje coleciono tudo o que consigo encontrar. Mas certamente foi a voz de Marie que me encantou no começo, e até hoje me encanta. Dona de uma biografia marcada por pobreza e sofrimento, Marie alcançou o sucesso em sua terra natal, a Suécia, em 1984, com o LP "Het Vind", especialmente com a música "Ännu doftar kärlek". Em 1986, uniu forças com Per Gessle e formou o Roxette, mas o sucesso mundial veio apenas em 1989, com o hit "The Look". O resto é história. Google it. Em 2002 Marie descobriu um tumor cerebral, do qual se livrou com um tratamento severo, mas cujas sequelas a levou à morte em 2019, no dia 09 de dezembro. O mundo só veio a saber disso no dia seguinte. Eu estava em Paris, para uma viagem de trabalho. Para mim, não foi nada diferente da notícia da perda de um ente querido. Marie era para mim mais do que um parente. Ela simbolizava tantas coisas, que nem saberia escrever aqui. Sofri muito. Foi o mesmo ano em que perdi minha mãe. Por isso, 2019 foi especialmente triste para mim. Pensei que jamais conseguiria ouvir Marie ou o Roxette novamente, mas a verdade é que preciso de sua voz, da energia que emerge de suas canções. Não acredito que haja vida espirtual após à morte, do modo como algumas religiões ensinam. Sou um cientista. Mas eu acredito na sobrevivência de imagens e sons, por meio daquilo que os viventes realizam. No caso de Marie, sua voz sobrevive no caos do mundo, e ainda enche minha vida de cores e luzes vibrantes. Se há algo mais próximo da eternidade, duvido.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Livre Docente ou thesis never again

Ontem relizei o concurso para me tornar Livre-Docente pela Unicamp. Foi um dia muito cansativo, longo, mas também um momento muito especial. A banca avaliou o conjunto da minha obra, a tese que apresentei, bem como a aula ministrada, de forma respeitosa, mas com o rigor esperado nesse tipo de processo. É um momento bem especial na vida acadêmica, pois, até o doutorado, temos um orientador que nos acompanha. A Livre Docência, como o nome já indica, é quando contamos apenas conosco. Evidentemente que a vida é feita de encontros, pessoais e profissionais, e todos eles contribuem para ser quem somos, fazer o que fazemos. Mas, na prática, estamos sós (academicamente), diante de uma banca desse tipo, pela primeira vez. E gostei muito de ter passado por isso, uma experiência incrível. Tive a confirmação de que a trajetória profissional que escolhi faz sentido e, de certa forma, singulariza um espaço de atuação. No mais, foram 5 horas entre a aula pública e o resultado final. E deu tudo muito certo. Fui aprovado com a nota máxima, sou Livre-Docente - em termos funcionais, Professor Associado. Uma alegria... que venham os próximos anos e os próximos desafios. Mas, tese, felizmente, foi a última que fiz na vida... Acho que já está bom.

sábado, 29 de julho de 2023

Teses da vida

Em 21 de maio de 2008 eu publiquei, neste mesmo blog, a primeira postagem sobre a tese de doutorado que eu, então, começava a escrever.  Três anos depois, no dia 29 de abril de 2011, eu a defendia, lá no Salão Nobre do Prédio da Administração da FFLCH - USP. Tanta coisa aconteceu depois disso, e muito foi narrado por aqui. Mas eis que, sei-lá-quantos-anos-depois (acho que 12 anos desde a defesa, 15 desde a postagem que falei, 16 desde que comecei o doutorado), cá estou, escrevendo uma nova tese. Agora, para minha candidatura à Livre Docência, pela Unicamp, local onde trabalho como docente desde 2016.  Mas, nem preciso dizer, é tudo muito diferente. A tese de agora não é fruto de uma pesquisa específica que comecei para que ela existisse, mas de um longo processo de pesquisa que começou, enfim, desde que me tornei doutor, lá em 2011. São anos de pesquisa sobre imagem e sociedade, agora com foco maior no cinema educativo, que serão materializados na nova tese. Assim, a pesquisa se desenvolveu a partir de diversos projetos, que seguiram em paralelo a todo um universo de trabalho que envolve a vida docente em uma universidade pública - falo em termos de ensino, pesquisa, extensão, gestão, orientação de trabalhos etc. Diferente da época do doutorado, em que eu "só" fazia a pesquisa, e podia me dedicar muito mais e de forma exclusiva a ela. Porém, diferente do tempo do doutorado, minha vida profissional e meu futuro não dependem dessa tese, já tenho meu lugar e a tese é um modo de materializar anos de pesquisa em algo a ser apresentado à comunidade, e que pode me tornar "Professor Associado" da Unicamp. Um contexto muito diferente de um doutorando bolsista, sem emprego e cheio de esperança - fé, eu diria - que tudo daria certo no final. Demorou bastante para dar certo: foram 5 anos entre a defesa da tese e ocupar um posto como docente na Unicamp. Assim, de certa forma, a tese de livre docência, que agora escrevo, é apenas mais uma das frentes de trabalho que preciso desenvolver, dentro de um emprego que eu já tenho. Tudo é diferente por esse prisma. Tem mais elementos de satisfação e menos de pressão. Claro, isso também porque, hoje em dia, fazer uma tese de livre docência tem uma conotação diferente de quando meus professores fizeram isso. Era algo muito maior, mas mesmo o doutorado era. Infelizmente, hoje o ritmo, o tempo e as cobranças acadêmicas são outras, e as perspectivas, também. De todo modo, fico feliz em estar passando por esse processo, que não digo que seja "fácil", mas é mais leve do que quando fiz o doutorado ou mesmo o mestrado. A maturidade tem que valer para alguma coisa! Enfim, sigo no trabalho, e até o final do ano espero já ter defendido a tese e tudo mais. Assim, como eu disse há sei-lá-quantos-anos no primeiro post sobre esse assunto, pode perguntar sobre a minha tese. 


domingo, 19 de março de 2023

Sobre o tempo (outra vez)

 Já devo ter escrito algumas vezes aqui sobre o tempo. Ah, o tempo!

Hoje vi uma publicação de que a música "The centre of my heart", do Roxette, foi lançada há 22 anos. Duas décadas e dois anos! Lembro direitinho da primeira vez que ouvi a música, um trecho, na verdade, que foi postado no site oficial da banda. Depois baixei, em algum aplicativo, e usei uns 4 disquetes para poder levar a música de um computador para outro. Realmente, era uma outra era, e o começo dessa, pois o álbum em questão teve poucas vendas, já que um aplicativo chamado Napster revolucionava a pirataria. Tudo mudou de lá pra cá. Mas a verdade é que não parece que faz tanto tempo. Parece que foi ontem. Mas, olhando em perspectiva, tanta coisa aconteceu nesses 22 anos que eu nem sei por onde começaria rememorar esse tempo. Envelhecer tem dessas coisas. Tudo começa a fazer aniversário de 20, 30, 40 anos... Estou com 44, vou fazer 45 em breve, e ainda me sinto algumas partes de mim com todas as idades que tive. É um processo muito louco. Mas é legal. Pois ao mesmo tempo em que não me sinto com 45 anos (aliás, o que seria sentir-se numa dada idade?), eu não me sinto com menos do que isso. O corpo dá sinais da passagem do tempo, minhas opiniões e concepções sobre o mundo também. Mas algumas coisas ficam. Continuo fã do Roxette, continuo casado com a mesma pessoa há 24 anos, adoro arroz com feijão e ovo frito. Parte muda, parte fica, mas talvez a única certeza é que não existe uma concepção única sobre o tempo, sobre o modo como o vivemos e o percebemos. A memória é algo vivo e não estático. Ela é recriada ao longo do tempo, e mesmo o passado nunca está lá, pronto para ser visto e reconhecido como "de fato foi" (sim, isso é Walter Benjamin). Que rica é a nossa existência. Enfim, o baile segue. Sigamos dançando, ao som de um bom e e velho pop!


Roxette. The centre of the heart (https://www.youtube.com/watch?v=JttOvEpqem0)

 

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Guimarães Rosa e Dori

Tenho 44 anos de idade e estou aprendendo a nadar. Esse é o post. Sempre gostei de praia, rios, cachoeira, piscina... Mas o máximo da diversão era nadar submerso enquanto houvesse fôlego. Sempre tive vontade de nadar corretamente, no estilo "crowl", mas sempre foi uma grande dificuldade para mim. Há alguns meses comecei a ter aulas de natação e foi bem difícil pegar o jeito. Agora começo a sentir algum progresso (leia-se: cruzar a piscina de 25 metros sem engolir água ou colocar os pés no chão). Parece bobagem, mas tem sido um processo bem árduo. Pensei em desistir em alguns momentos, mas a cada progresso, uma nova motivação. E assim, sigo aprendendo. Na semana passada completei, pela primeira vez, 1000 metros na aula. Longe dos 3200 do colega da raia ao lado, mas bem mais do que eu conseguia fazer há um mês. Agora, embora seja cansativo, nadar tem se tornado uma atividade que me deixa feliz. Com dizia Guimarães Rosa: "Perto de muita água, tudo é mais feliz". E como dizia a peixinha Dori, de Procurando Nemo, "Continue a nadar...".



Música incidental: La Mer (Mireille Mathieu) https://www.youtube.com/watch?v=x63_DfM3j80


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

2023 chegou e, com ele, um novo tempo para o Brasil

Parecia que estávamos vivendo um ano de 48 meses ou mais. Tempos duros, tristes, repletos de angústia e raiva, agora parecem finalmente terem dado lugar para a esperança. Lula derrotou o inominável nas urnas e a democracia foi salva por si mesma, contra um cenário que não era o mais favorável, por motivos dos mais abjetos. Mas nesse ano novo a esperança foi renovada e voltamos a respirar com mais facilidade novamente. 


"It's a new dawn
It's a new day
It's a new life for me
And I'm feeling good"




Trilha sonora: Nina Simone. Feeling good