quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ra-tim-bum... O blog faz 1 ano!

Quando escrevi a primeira postagem nesse blog, em 27 de fevereiro de 2007, não sabia exatamente o que iria acontecer... inclusive falei que nem sabia se a idéia iria vingar, talvez eu deixasse essa história pra lá, com fiz tantas outras vezes. Mas (curiosamente) não foi o que aconteceu...
Em um ano de história, escrevi poucas coisas, se compararmos com os inúmeros blogueiros profissionais que existem por aí, que fazem das postagens uma tarefa rotineira, quase uma obrigação. Muitos deles consideram-se verdadeiros jornalistas, cronistas de acontecimentos políticos e sociais - discutem assuntos sérios como a guerra no Iraque ou o derretimento das geleiras. Não é mesmo o meu caso. Escrevo por que sinto vontade, porque assisto a um filme ou escuto um CD que gostei e quero dividir minhas impressões com os amigos. Ou porque encontrei pessoais legais e elas me inspiraram com uma gostosa conversa regada a café e bolinhos... ou porque tive um sonho intrigante. Enfim, para mim nunca foi uma obrigação, mas um gostoso divertimento.
E além disso, ao longo desse ano, foram inúmeras as visitas (uma média de 18 por dia) e vários comentários carinhosos, que só me estimularam a continuar a escrever nesse singelo espaço.
Obrigado pelas visitas, pelo carinho e pela complacência, já que o que escrevo, sem falsa modéstia, não tem nada demais, nada de novo, nada que alguém não tenha dito por aí... mas vem de uma necessidade interna - uma "necessidade interior", como dizia o velho Kandinsky. Porém, não é uma obra de arte - talvez um bom rascunho, ou uma mistura aleatória de cores, com uma aquarela na chuva.


Wassily Kandinsky, Improvisação (aquarela)


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Mais uma sobre vagalumes

Já falei aqui no blog sobre minha afeição por esses bichinhos mágicos e raros. Sabendo disso, o Alê, sociólogo e poeta que já deu sua contribuição por aqui, me apresentou uma poesia de Fagundes Varella sobre o tema, e resolvi colocá-la aqui:


O vagalume (cantiga)

Quem és tu, pobre vivente
Que vagas triste e sozinho,
Que tens os raios de estrela,
E as asas do passarinho?

A noite é negra; raivosos
Os ventos correm do sul;
Não temes que eles te apaguem
A tua lanterna azul?

Quando tu passas, o lago
De estranhos fogos esplende,
Dobra-se a clícia amorosa,
E a fronte mimosa pende.

As folhas brilham, lustrosas
Como espelhos de esmeralda;
Fulge o íris nas torrentes
Da serrania na fralda.

O grilo salta das sarças;
Piam aves nos palmares;
Começa o baile dos silfos
No seio dos nenúfares.

A tribo das mariposas,
Das mariposas azuis,
Segue teus giros no espaço,
Mimosa gota de luz!

São elas flores sem hástea;
Tu és estrela sem céu;
Procuram elas as chamas;
Tu amas da sombra o véu!

Quem és tu, pobre vivente,
Que vagueias tão sozinho,
Que tens os raios da estrela,
E as asas do passarinho?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Uma mesa ao sol

"Uma mesa ao sol, é tudo o que eu desejo. Quero apenas parar um pouco e descansar meu coração. Tantas lágrimas e tanto medo. Tantas coisas coisas aconteceram nos últimos dois anos..."

O trecho acima é da música de Marie Fredriksson chamada A table in the sun (Uma mesa ao sol). Trata-se de uma canção feita por Marie logo após o inicio de um pesado tratamento para combater um tumor no cérebro, descoberto em 2002. A música, parte do álbum The Change (A mudança), refletia tanto o sofrimento de Marie com tudo o que acontecia, como sua gratidão pela sua segunda chance de viver, como vemos na letra de 2nd chance (Segunda chance). Hoje, quase seis anos depois, Marie revela que está completamente curada e muito feliz, vivendo plenamente outra vez.
Após a doença, Marie deixou de lado sua carreira no Roxette, para dedicar-se à sua vida pessoal, seus dois filhos e seu marido. Profissionalmente lançou três discos, mas dedicou especial atenção a um antigo hobbie: a pintura. A sua primeira exposição, realizada na época do lançamento de The Change, foi toda realizada em carvão. Marie diz que, como cantou a vida toda, agora prefere se dedicar aos desenhos, onde ela é totalmente livre. O resultado disso é sua segunda exposição, chamada Ett bord i sollen (Uma mesa ao sol), iniciada em fevereiro de 2008, na Suécia. Agora, além dos conhecidos desenhos a carvão, Marie traz o colorido do giz-pastel à sua obra. Novas cores para uma nova fase de sua vida.
Para todos os seus admiradores, foi uma imensa alegria poder observá-la feliz e cheia de vida na entrevista realizada pelo canal sueco TV4 essa semana. Seu semblante é alegre e saudável. Seus olhos brilham com intensidade. Outra boa notícia é que ela não abandonou a idéia de voltar a gravar coisas novas ao lado de Per Gessle, no Roxette, afirmando que, definitivamente, eles voltarão a fazer algo juntos no futuro. Certamente, uma excelente notícia para todos os fãs da dupla.
Meses antes de completar cinqüenta anos de idade, Marie mostra-se cheia de energia e vitalidade. Venceu a batalha contra uma terrível doença, e agora diz que o importante é viver cada dia com intensidade, sem ansiedades. E nada mais bonito do que saudar o sol, como uma metáfora da vida.

"Nenhuma chuva, nenhuma tristeza, os dias ruins acabaram. O sol está brilhando...".
(A table in the sun)

Capa do catálogo do vernissage Ett bord i sollen

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Amigos & Amigas

Hoje eu nem ia escrever nada... mas depois de dar uma olhada no blog de minha querida amiga Grá fiquei cheio de inspiração. Achei tão carinhoso o gesto dela, de deixar "recadinhos" aos amigos distantes, que senti a necessidade de escrever algo por aqui também.
Existe sempre aquela crença de que amizades não duram pra sempre, que tudo depende das circunstâncias, do local onde estudamos ou trabalhamos, da cidade onde moramos... quando acaba o motivo que gera aquele contato, a amizade também acaba. Muitas vezes é assim... mas posso dizer que, na minha vida, muitas vezes também não foi, e não é. Existem pessoas tão caras na minha existência que independente da distância geográfica ou temporal elas estão sempre comigo, no meu coração. Tem os amigos da faculdade, dos tempos do serviço público, da infância, do colégio, das cidades por onde passei... amigos das cervejas, dos vinhos, dos cafés, das festas, e outras confraternizações... mas também dos momentos de dificuldade, pois os problemas não poupam os amigos... não os verdadeiros. Enfim, tanta gente que passou pela minha vida, e que ainda faz parte dela.E hoje foi para essas que eu sentei aqui para escrever.
A todos vocês, queridos amigos, obrigado por serem parte da minha existência.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sweet songs that I've heard ♫

Sempre que escuto um CD novo eu penso em escrever, daí o tempo passa... e eu acabo ouvindo outro, e aquele fica pra depois... então vou aproveitar aqui para falar rapidamente sobre algumas coisas novas (outras nem tanto) que tenho escutado.


Pato Fu - Daqui pro futuro (2007) - Faz um tempo que eu ouvi esse CD pela primeira vez (até já escrevi algo aqui), mas agora posso falar com mais conhecimento de causa. De cara, posso dizer que esse disco é excelente, certamente um dos melhores da banda, onde toda sua maturidade está exposta. Não há uma faixa que não seja boa, e todas as músicas parecem ter uma seqüencia natural, que torna o disco muito aprazível. É um CD calmo. As faixas mais agitadas são Mamã Papá e a ilariante Woo! A faixa de abertura, 30.000 pés é ótima e tem um refrão perfeito. Em A hora de estrela temos uma apresentação em voz e piano digna de aplausos, em uma letra obviamente extraída do romance homônimo de Clarice Lispector. Tudo vai ficar bem é cantada meio em português, meio em espanhol, e talvez seja a melhor do CD (é difícil escolher). A música Vagalume é doce e me conquistou de cara pelo tema, pois a primeira vez que eu a ouvi tinha acabado de escrever sobre esses bichinhos mágicos aqui nesse blog - achei a coincidência incrível! A faixa de encerramento, 1000 Guilhotinas, deixa a gente com gostinho de "quero mais"... e por que não escutar de novo? Além de tudo, o CD é barato, ao menos no formato digital: cada faixa sai por R$ 0,99 na internet! Assim, se quiser ouvir música boa e por um preço honesto, fica aqui a minha dica.♫


Husky Rescue - Country falls (2004) e Ghost is not real (2007) - Ainda conheço pouco essa banda finlandesa, mas gostei muito desses dois CDs. Ambos são calmos e densos ao mesmo tempo, com alguns vocais distorcidos e ruídos diversos. Até lembra um pouquinho o Pato Fu, só que um pouco mais gelado... vale a pena dar uma conferida.♫



Fernanda Takai - Onde brilhem os olhos seus (2007) - Considerado pela APCA (Associação Paulista de críticos de Arte) como o melhor disco de MPB de 2007, o trabalho solo da vocalista do Pato Fu impressiona pela qualidade musical. Trata-se de uma homenagem ao trabalho de Nara Leão. Fernanda interpreta todas as músicas com a esperada delicadeza de sua voz e o resultado final é doce como deveria. É curioso ver músicas como Com açucar, com afeto, Debaixo dos Caracóis dos seus cabelos e Ta-hi na voz de Fernanda e arranjos de John - mas ficou ótimo, atualizado, mas sem nenhuma afetação. O resultado poderia ser desastroso - afinal, as composições são de peso, e as interpretações de Nara, clássicos. Mas não foi o caso: trata-se de um ótimo trabalho, e vale muito a pena conferir.♫
Marie Fredriksson - Por último, mas jamais menos importante, vou falar do novo trabalho de minha doce Marie, chamado Tid för tystnad (Tempo para o silêncio), de 2007. Trata-se de uma coletânea onde estão agrupadas as mais suaves canções de Marie, todas em sueco. O CD é delicado, e as músicas realmente transmitem uma enorme sensação de paz. Talvez os momentos mais "agitados" estejam na inédita Ordet är farväl e nas antigas Den bästa dagen e Den sjunde vågen, faixas em que Marie alcança agudos impressionantes, característicos dos seus primeiros trabalhos. As demais músicas mantêm a tranqüilidade, especialmente em Mot okända hav, Vinterängel, Medan tiden är inne, Så Skimrande Var Aldrig Havet (essa é quase um hino!) e Ett bord I solen (uma versão em sueco da balada A table in the sun, do álbum The Change). No CD encontramos também Tro, música que é uma unanimidade entre os admiradores de Marie, e que não poderia faltar em uma coletânea desse gênero. Porém, eu senti muito a falta de três músicas: Det Som Var Nu, I en tid som vår e Mild varm vår, que estão entre as minhas favoritas. Mas tudo bem, apesar dessa ausência, o CD é ótimo e merece ser ouvido em momentos de muita tranqüilidade, como se fosse um tempo de oração... Tempo para o silêncio.





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

No Stress! (Total stress)

Pois é, eu sou ansioso. E quem não é?
Por outro lado, sou relativamente tranqüilo, tento não me deixar pressionar por esse tempo doido que corre desenfreadamente. Apenas tento...
Vou dar um exemplo recente: hoje, dia 06 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, era a data limite para a entrega de um trabalho da pós. Ok, eu tive um mega prazo para terminar, mas preferi utilizar todo o tempo disponível para fazer um trabalho bacana, não apenas para cumprir uma obrigação acadêmica, mas para aprender coisas novas, uma vez que escolhi um assunto que eu nunca havia lidado. Pois bem, sexta-feira o trabalho estava pronto, mas preferi deixar para imprimir ontem, depois de ler mais uma vez, verificar os detalhes, até em relação à apresentação... E lá fui eu hoje, entregar o tal do trabalho que consumiu meu mês de janeiro e... a faculdade estava fechada! Entrei em parafuso - o que fazer? E se todos tivessem entregue antes, sendo eu o único a acreditar que haveria vivalma lá na quarta-feira de cinzas? Eu sabia que o prazo da professora entregar as notas era dia 8, ou seja, depois de amanhã... pensei: "pronto, ferrou tudo" (com o perdão pelo termo chulo). Voltei pra casa desnorteado, mas tive a idéia de escrever um e-mail para a professora contando toda a história, e pedindo se poderia entregar amanhã... Nem preciso dizer que fiquei acessando meu webmail a cada 15 minutos, e remoendo: "Será que ela lê e-mails institucionais na quarta-feira de cinzas? Será que ela vai ler a tempo? Será que ela vai aceitar um dia depois? Será? Será? Será?..."
Essa dúvida me consumia, e na minha cabeça martelavam as palavras "mas por que deixou para o último dia? que idéia! onde é que já se viu?! bla bla bla bla..." E nisso já ataca a queimação do meu estômago, termômetro da minha ansiedade nessas ocasiões - básico. Bem, a essa altura você deve estar querendo saber o desfecho do relato. Conto agora: a professora, muito gentilmente, disse que não haveria problema, pois ela só passaria no departamento no dia 7 mesmo. Ufa! O alívio é incrível...
Mas o que se aprende com tudo isso? Talvez que não adianta fazer tempestade em copo d'água, que nada vale se preocupar antes de tentar todas as opções, que a ansiedade só piora as coisas e dá azia (no meu caso). Mas também pode se aprender que, apesar de não adiantar se afobar, não custa nada fazer as coisas num tempo hábil, nunca respeitando uma data final, mas sim se programar para terminar as coisas bem antes! Em resumo, o negócio é ter bom senso. Nem tanta afobação, nem tanto sossego... pois, em doses erradas, remédio vira veneno; mas o veneno, se bem dosado, pode ser a cura para muitos males.
No stress... mas não muito relax!
Deve ser isso.
Sei lá.
Edvard Munch - O Grito (1893- detalhe)


Adendo (07.02.2008): Entreguei meu trabalho! E na lista que assinei pude notar que fui o sétimo a fazer isso... Considerando que a turma tinha uns vinte alunos, parece que não fui o único a deixar para a última hora.


sábado, 2 de fevereiro de 2008

♪ Dias de folia ♫

"Folia: antiga dança portuguesa movimentada, ao som de adufes e pandeiros, acompanhada por cantos e executada por homens vestidos de mulher; (...) festejo animado, alegre e barulhento; farra, pândega, baile ..." (Dicionário Houaiss).

Ok, eu não gosto de carnaval. Mas também não odeio, aliás, nada contra quem quer aproveitar esses dias para se acabar na "folia". De qualquer maneira, se eu tivesse dinheiro teria viajado, isso sim, para um lugar calmo, tipo um hotel fazenda. Mas não foi dessa vez.
De qualquer maneira, o carnaval é uma festa popular bem antiga, que no Brasil existe desde os tempos da colônia. Olha só a imagem criada pelo pintor Debret inspirada nessa festa, que na época tinha o nome de "entrudo":

Jean Baptiste Debret, "Dia do entrudo" (Cena de Carnaval), 1816-1831.


Segundo a descrição de Debret, nesses dias as pessoas saiam às ruas, com artefatos chamados "limões de cheiro", simulacros de laranja recheados com uma água com aroma de canela, e jogavam uns nos outros. Era uma diversão da "classe média", como chamaríamos hoje, mas os escravos também participavam; na aquarela que vemos, Debret quis representar um escravo se divertindo ao sujar de polvilho o rosto de outra escrava, no "dia do entrudo". Bem, ela não parece ter muito ficado feliz com isso...
Enfim, parece que desde aquela época o carnaval envolve pessoas de várias classes sociais, e durava muitos dias. Nesse sentido, a festa tem um valor histórico e cultural que não dá pra negar.
Mas mesmo assim, não me animo para assistir aos desfiles no sambódromo ou sair em blocos.
Prefiro ir ao cinema e comer uma pizza.
Mas pra você, que vive o carnaval com toda a intensidade, muito ziriguidum! E, claro, com uma porção de juízo...