quinta-feira, 31 de julho de 2008

Aquarela, tinta a óleo ou carvão?

Outro dia, vendo um documentário sobre o Antonio Candido, ouvi ele dizendo que a tarefa do crítico de literatura é como a do aquarelista: cada mancha deve ser feita de uma só vez, sem possibilidades de retoques posteriores. Assim é a aquarela, uma tinta que deve ser dissolvida na água, e que seca rapidamente ao ser passada no papel, que a absorve rapidamente. Daí os belos efeitos de transparência e leveza que ela transmite.
Com a tinta a óleo a história é outra: dependendo da quantidade de óleo ou solvente com que se dilui a tinta, pode-se trabalhar durante muito tempo em um único detalhe, pensar cada pincelada com toda a calma. E o resultado é igualmente lindo, sem a transparência da aquarela, mas com a força de uma imagem que durará anos e anos a fio, sem desbotar - algo que pode acontecer com a aquarela, na sua fraqueza essencial.
Mas fora do mundo das artes, podemos tentar pensar esses dois exemplos como metáforas da existência: devemos fazer como o aquarelista, que age com certeza e precisão, sem arrependimentos, ou como o pintor a óleo, com sua suposta lentidão e busca de estabilidade? Realmente eu não sei. Pictoricamente, a aquarela ainda é a pintura que mais me toca, mas a segurança e perenidade, inerente à pintura a óleo, sempre me impressiona. Não sei.
Já o desenho a carvão, esse é um sossego: você faz uns riscos, e com o dedo ou um esfuminho faz o sombreamento... pode até apagar, se não gostar do resultado. Só que depois de pronto, tem que passar um verniz, daí dura um tempão... ou então, faz um esboço com ele, e depois passa alguma tinta mais perene. Mas daí, já deixou de ser carvão, que foi apenas um meio para um fim mais "nobre". E outra: o carvão, em si mesmo, tem a desvantagem de não ter a presença de cores. E que triste um mundo cinza!
Enfim, muitas outras técnicas de desenho e pintura eu poderia sugerir para ser uma metáfora da vida, mas quem sou eu pra saber?Acho que a vida é um eterno esboço, não pode ser imediato como uma aquarela, nem tão sério quanto um óleo, tampouco sem cores com um carvão. É sempre uma pintura abstrata, independente da técnica que utilizemos para realizá-la. O importante e sermos autênticos naquilo que estivermos fazendo. Já é um bom começo.



segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mais uma história sobre a vida.


Vi o trailer do filme Evening (lançado no Brasil como Ao entardecer) no DVD de Piaf (outra pérola) e imaginei que era um desses filmes que não chegam a passar no cinema por aqui, ou passam muito rapidamente e a gente acaba nem se dando conta. Até fui procurá-lo nas locadoras, mas ninguém sabia do que eu estava falando. Foi então que tive notícias de que, na verdade, ele ainda chegaria às telonas em meados de julho. Fiquei muito feliz e ansioso para ver o filme, cujo trailer já tinha me chamado a atenção.
E lá fomos, eu e o Alê, conferir o tal filme, aqui na recém inaugurada sala de cinema do Espaço Unibanco, no Shopping Bourbon Pompéia. E sabe de uma coisa? Eu gostei do que vi. Sabe quando você assiste a um trailer e imagina como será o filme? Foi desse jeito, não fiquei nada decepcionado. É uma história singela, contada de forma simples, com uma boa carga dramática, mas muito moderada, sem exageros ou melodrama excessivo. Fora isso, o elenco traz atrizes que eu gosto muito, como Tony Collette e Meryl Street, entre outras feras.
O filme, de um jeito muito cuidadoso, mexe com questões sérias, sobre o amor, as escolhas que fizemos na vida, e sobre as incertezas que as rondam. Não há como não se identificar em muitos momentos: quem não se imagina, no fim da vida, fazendo um balanço da própria existência? Eu, pelo menos, sim, e talvez por isso o filme tenha me tocado. Tocado, mas não a ponto de me deixar triste ou deprimido, ou então profundamente emocionado (como no filme As horas, por exemplo, que é um dos meus favoritos). Caso o filme não acione esse empatia no espectador, talvez torne-se uma história simples demais - mas não é sempre assim?
Enfim, Evening é um lindo filme, simples, tocante, bonito e delicado. E inevitavelmente faz a gente pensar sobre a própria existência. Recomendadíssimo.

Ficha:

Evening (Ao Entardecer)

Elenco: Meryl Streep, Glenn Close, Toni Collette, Vanessa Redgrave, Claire Danes, Natasha Richardson.
Direção: Lajos Koltai
Gênero: Drama
Duração: 117 min.

Trailer:





sexta-feira, 4 de julho de 2008

Domingo no Museu

Eu simplesmente adoro a Pinacoteca do Estado, que fica no bairro da Luz, em São Paulo. Logo na primeira vez que estive nessa terra, por volta de 1999, lembro de ter ido nesse museu e me apaixonado pelo lugar. É um lugar lindo, um prédio antigo, com muitas obras de arte importantíssimas da nossa história. Ao redor do museu há um parque, lindo, verde, com estátuas entre as árvores, e algumas obras neoconcretistas espalhadas pelo jardim, ao lado de banquinhos onde vovôs e netinhos simplesmente podem sentar e tomar um gostoso banho de sol.
Domingo passado estive lá juntos com os queridos Alê e Bel, e foi muito gostoso. Fui especialmente para ver uma exposição de alguns artistas japoneses imigrantes, pena que eram poucas obras, mas muito bonitas, sensíveis. Mas o que mais me surpreendeu foi outra exposição, com obras mais contemporâneas. Eu tenho certa resistência com coisas muito inovadoras, tipo aquelas instalações ultra-over-mega-pós-modernas que têm uma pedra pendurada, envolvida com arames enferrujados e um regador, por exemplo. Mas essa exposição me atraiu, até pelo cuidado com a disposição das obras e o trabalho com a luz. Ficou bonito, expressivo, vivo. O artista criou obras com a junção de pequenos objetos, em geral transístores, chips, fios... e até uns boizinhos de plástico. Criativo e visualmente agradável. Vou colocar umas fotos. Ah, eu não anotei os nomes das peças, falha nossa, mas ao menos vou colocar o nome do artista plástico e da exposição.

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Nome da exposição: Templo do corpo
Artista: Luiz Hermano


Essas peças são bem curiosas, parecem pessoas em casulos!

Aqui está um exemplo da obra vista de longe...

... e agora bem de perto, dá pra ver que são montes de boizinhos de plástico.

A maior parte das obras são feitas de pecinhas como essas, pequenos transístores e microchips.

Aqui os queridos Alê e Bel, que foram meus companheiros no passeio, diante de um temido dragão! O que será que comentavam?

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Agora eu preciso colocar umas fotos tiradas no parque, pois o dia estava muito ensolarado e a grama, verdíssima. Mesmo pra quem não se interessa por arte, uma visita à Pinacoteca vale pelo parque, no qual não é preciso pagar para entrar. Para acessar o museu o preço é R$ 4,00, que é bem barato, e ainda há a possibilidade de pagar meia-entrada. Fica aqui a dica.

Exemplo de uma escultura que fica no jardim do parque. Trata-se de uma obra de Almicar de Castro (Sem título, 2000, aço cortén).


Essas são algumas das esculturas que povoam o parque, às vezes parecem que estão a nos observar... essa acabou virando pouso do passarinho. Repare na cabeça dela.

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Enfim, a Pinacoteca é o meu museu favorito de São Paulo. E eu recomendo mesmo, vale a pena. E é uma oportunidade de visitar o centro da cidade, que está muito bem cuidado. Afinal, nem só de caos sobrevive a capital do Estado. Há também muita beleza por aí, mas há que se ter os olhos abertos. Abra os seus, e curta a cidade!



terça-feira, 1 de julho de 2008

Generalidades

Enfim julho, enfim férias! Bem, não pra mim, infelizmente... tenho um bocado de coisas pra fazer nesse mês, em agosto algumas tarefas têm que estar concluídas e todo tempo é sempre pouco. Mas não reclamo, na verdade eu gosto muito desse modo de vida... da mesma forma que tenho que trabalhar em julho, se eu quiser posso tirar uma semana ou duas de férias em outro mês qualquer. Mas acho que vai dar pra tirar uns dias de folga em meados de julho, mesmo assim... dar um pulo no interior, ver a família, os amigos da banda da lá!

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Acho muito legal quando as pessoas me escrevem falando sobre o blog, seja através de comentários do próprio site ou por e-mail... mas admito que às vezes fico meio envergonhado, especialmente se for ao vivo! Outro dia uma amiga disse que passou pelo blog, e começou comentar comigo algo que leu - daí eu não consegui falar nada, acabei mudando de assunto. Bobagem, mas eu sou tímido nesse sentido. Talvez em outros também.

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Enfim, chegou julho! Alguns de férias, outros trabalhando como nunca... E la nave va! Qualquer que seja o seu caso, que seu mês de julho seja bacana.

Abraço!