segunda-feira, 19 de abril de 2021

Trabalho, trabalho, trabalho

Hoje foi um dia te intenso trabalho. Amanhã também será. Agenda cheia. Cansa bastante. Tem horas que eu me pego pensando sobre o sentido de tanto esforço. Tem segundas-feiras que acordo como que enfrentando a semana que mal começou como um desafio. Mas que fique claro: trabalho em algo que gosto, que me realiza, que sempre busquei como profissão. Como reclamar? É um dilema que vivo, afinal, como reclamar de algo que sempre sonhou fazer? Mas não é isso. Não é reclamar. É refletir sobre as escolhas, os caminhos, as verdadeiras opções dentro de um emaranhado de caminhos entrecruzados. Sou docente no ensino superior público estadual, um sonho realizado em 2016; coordeno um curso de graduação; tenho um monte de orientandos, mas penso em não ter novos por um tempo, dada a responsabilidade que essa tarefa traz e o tempo que ela demanda de atenção; realizo uma pesquisa individual para a qual sou financiado e tenho uma bolsista que me ajuda; fora isso, estou em outros dois projetos de pesquisa como professor associado. Adoro fazer pesquisa, adoro lecionar (sim, estou dando um bocado de aulas, também), adoro orientar pesquisas. Gosto muito de participar da gestão da universidade - comecei minha carreira na área administrativa e tenho certa desenvoltura nisso. Então, na verdade, o que me faz sofrer não é o trabalho, que gosto e com o qual me identifico, mas sim a possibilidade de, diante de tantas tarefas, não fazer um bom trabalho (dentro dos meus critérios). No fundo, é cobrança, a boa e velha cobrança, que tanto nos atormenta. Claro que esse é um assunto corriqueiro em minhas sessões de terapia - aliás, como alguém não faz terapia em uma época como a nossa? Enfim, hoje foi um dia daqueles, mas quando ele acaba, como agora, sinto a alegria de ter feito o melhor, em tarefas que me aprazem. Dentro disso, sei que sou um privilegiado. Não por ter um emprego considerado "bom", mas por me encontrar nele. Pois muita gente sofre, mesmo em empregos considerados "bons". O fato é que a vida é complicada, e ela tem estado bem mais assim ultimamente. Estamos em 2021, e se você não sentiu nenhum tipo de inquietação, seja com sua vida, seja com a vida ao seu redor, então seu problema é bem maior que o meu, que se resolveu (ao menos hoje) apenas escrevendo isso aqui! 

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Trilha sonora: https://www.youtube.com/watch?v=ARvSDkcm0k8


Marie Fredriksson. Tro (1996)

terça-feira, 6 de abril de 2021

Dias de chuva

A mistura de alegria e tristeza que vem com os dias de chuva é algo ímpar. Mas, no geral, eu adoro. Hoje está um desses dias cinzas e com chuva contínua. Friozinho, depois de várias semanas de intenso calor. O outono chegou dizendo a que veio. Home office com chuva é algo estranho e perigoso, com o sofá a 5 passos da minha escrivaninha! Mas a agenda me lembra que, até o final do dia, é por aqui que ficarei. Mas na companhia de uma gostosa chuvinha lá fora, que lava a alma e leva as tristezas de uma época como esta. Santa chuva.


Músicas com chuva no título que me vêm à cabeça agora:

Santa Chuva - Maria Rita

The Rain - Roxette

Queen of Rain - Roxette

Watercolours in the rain - Roxette

Waiting for the rain - Roxette

Pocketful of Rain - Roxette

Rain - Madonna

Have you ever seen the rain? - Creedance

Det regnar igen - Marie Fredriksson

Here comes the rain again - Eurythmics

Chuva de prata - Gal Costa







sábado, 3 de abril de 2021

O tempo e as paixões: sobre a fidelidade

Já escrevi aquihá muito tempo, sobre o impacto da passagem do tempo, mas, claro, sempre numa perspectiva individual e assim será aqui, novamente. Farei 43 anos este mês e é muito interessante que, agora, quase tudo que tem a ver com minha história já é em termos de "longa duração". Meu casamento: 22 anos; Joyride, do Roxette, completou 30 anos em março (foi o disco me tornou fã da banda); esse ano faz 20 anos da minha formatura na faculdade; minha gata faz 15 anos mês que vem; estou no meu "novo" emprego faz quase cinco anos... enfim, tudo parece fazer muitos anos a partir de certo ponto, e isso é muito interessante. Comecei a ter essa percepção por vota dos 35, e na época me assustou um pouco. Agora lido bem e acho uma vantagem - a maturidade tem seus encantos e fortalece alguns aspectos da existência. Por outro lado, eu fico me assustando com certos apegos que tenho com coisas antigas - parece que minhas músicas e filmes favoritos são todos de 2010 para trás. Mas apenas parece. A verdade é que a gente vai ficando mais seletivo com as novas paixões, e precisa de muito arroz com feijão para entrar na nosso Top List. Bem, ao menos comigo é assim. Sei que ainda estou jovem, e que aos 60 novas percepções surgirão. Espero estar vivo e com saúde para voltar aqui e escrever... porque, me conhecendo, se tudo permitir, sei que ainda estarei com esse blog ativo. Sou fiel aos meus amores.

 

Pato Fu - Sobre o tempo.



sexta-feira, 2 de abril de 2021

O mês do lagarto

Abril é quando faço aniversário. Talvez seja por isso que gosto do mês, mas talvez não seja apenas por isso. Lembro de ler em algum livro do Lobato, talvez o Reinações..., que abril é o mês do lagarto: nem muito quente, nem muito frio, nem muita chuva, nem muito sol... é quando todos no Sítio do Pica-pau Amarelo ficavam sem fazer nada, como lagartos ao sol. De fato, convenhamos, essa atmosfera outonal é gostosa demais, um cheiro de novidade, de limpeza, uma luz única, o céu mais azul do que nunca, e as nuvens brancas como algodão. Só abril é assim. E nesse eu faço 43 anos. Vou me permitir falar apenas de coisas boas nesse post, embora a realidade lá fora dificulte isso. Mas vou, é meu aniversário, e espero estar feliz e com saúde nele! Quero comemorar com meu marido e minha gata, comer bem, tomar um bom vinho, ouvir música na vitrola, ver um bom filme. É o que dá pra fazer, e isso já me deixa bem feliz. As coisas não felizes eu esqueço um pouquinho - esse vai ser meu presente para mim mesmo. Vou fazer 43 anos! Não é incrível?


April clouds (Roxette, 2016)