terça-feira, 22 de maio de 2018

A forma da água ou ainda somos o exótico

Pode conter spoilers...


A forma da água (2017) (The shape of water), ganhador do Oscar de melhor filme esse ano, foi um dos que deixei de lado por um tempo, até encontrar a ocasião oportuna de assistir. Se for para deixar uma avaliação, digo que é um filme poético, que vale a pena ver. Não sei se merecia o Oscar, até porque ainda não assisti, por exemplo, Três Anúncios Para um Crime (2017) (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri) ou Dunkirk (2017) - embora tenha assistido Corra! (2017) (Get out), sobre o qual escreverei no próximo post.
Antes de ver o filme em questão, li coisas como a do diretor brasileiro Fernando Meirelles, de que era uma versão atualizada de Splash (1984). Bem, se isso se configurou como um spoiler para mim (que adorava Splash), por outro lado me instigou a ver algo de diferente dessa avaliação rasteira. E eu vi. A forma da água trabalha de um modo muito delicado a alteridade, sobretudo em relação à persistente visada "do norte" sobre o mundo "do sul".  Nesse aspecto, o cientista social grita dentro de mim e me faz pensar sobre como ainda, sob certos aspectos, somos o mesmo exemplo ambíguo de paraíso edênico exótico e barbárie primitiva que fomos desde o mercantilismo. Ainda somos o monstro atraente para o pessoal do hemisfério norte. Fora isso, é uma delicada história de amor, que vale a pena assistir. Atuações impecáveis e um elogio ao cinema, de todo modo. Assista sem medo.

Reprodução
Acima, cena de A forma da água. Abaixo, cena de Splash.
Fonte:  https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/05/a-forma-da-agua-e-mais-parecido-com-splash-1984-do-que-voce-pensa.htm

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