terça-feira, 19 de julho de 2022

Sonhos

Acabei de terminar de passar as notas de minhas turmas de graduação do primeiro semestre. Essa frase, sozinha, carrega mais significados do que pode parecer. Nela eu digo "notas", "semestre" e "minhas turmas". Se eu volto no tempo e lembro de minhas inquietações e angústias sobre o futuro, planos, ideais, uma frase como essa era um sonho, algo desejado e supostamente tão intangível. Eu lembro de sonhar, de fato, sendo professor, dando aulas, passando em algum concurso, comemorando isso... e foi tanta luta para conseguir isso. Mas consegui, e parte disso apareceu registrado nesse blog, mas grande parte, não. Muitos momentos tristes, frustrantes, desanimadores, entre os anos de 2011 e 2016, meio que ficaram apenas na minha memória, e talvez apareçam aqui "ever now and then". Viver o sonho, por sua vez, é algo que só vivendo se sabe o que é. Então após a alegria do sonho realizado começam a aparecer os problemas que todo trabalho traz junto: cansaço, frustrações, angústias, raiva, desânimo, decepção, tristeza etc. Tem horas que esses sentimentos tomam quase todo o lugar do essencial, que é maior e mais importante: a alegria e a satisfação de estar fazendo o que sonhou, num lugar legal, em condições muito boas. Não são as condições do passado, e muito menos as ideais. Mas ainda assim, é o emprego dos sonhos, "aquele pelo qual milhares de garotas matariam" (sim, o filme O Diabo Veste Prada é um guilty pleasure que assumo). Então, em dias como hoje, final de semestre, passando a notas, lembro de imaginar que legal seria poder fazer isso um dia. Passar as notas dos "meus" estudantes. Sempre quis ser professor. Terminei o doutorado em 2011 e foram 5 anos até dar certo. Cinco anos difíceis. Mas todos valeram a pena. E hoje estou aqui, terminei de passar as notas, estou ouvindo um dos meus vinis favoritos na vitrola, enquanto tomo uma taça de vinho tinto. Nada mal.

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