Outro dia, vendo um documentário sobre o Antonio Candido, ouvi ele dizendo que a tarefa do crítico de literatura é como a do aquarelista: cada mancha deve ser feita de uma só vez, sem possibilidades de retoques posteriores. Assim é a aquarela, uma tinta que deve ser dissolvida na água, e que seca rapidamente ao ser passada no papel, que a absorve rapidamente. Daí os belos efeitos de transparência e leveza que ela transmite.
Com a tinta a óleo a história é outra: dependendo da quantidade de óleo ou solvente com que se dilui a tinta, pode-se trabalhar durante muito tempo em um único detalhe, pensar cada pincelada com toda a calma. E o resultado é igualmente lindo, sem a transparência da aquarela, mas com a força de uma imagem que durará anos e anos a fio, sem desbotar - algo que pode acontecer com a aquarela, na sua fraqueza essencial.
Mas fora do mundo das artes, podemos tentar pensar esses dois exemplos como metáforas da existência: devemos fazer como o aquarelista, que age com certeza e precisão, sem arrependimentos, ou como o pintor a óleo, com sua suposta lentidão e busca de estabilidade? Realmente eu não sei. Pictoricamente, a aquarela ainda é a pintura que mais me toca, mas a segurança e perenidade, inerente à pintura a óleo, sempre me impressiona. Não sei.
Já o desenho a carvão, esse é um sossego: você faz uns riscos, e com o dedo ou um esfuminho faz o sombreamento... pode até apagar, se não gostar do resultado. Só que depois de pronto, tem que passar um verniz, daí dura um tempão... ou então, faz um esboço com ele, e depois passa alguma tinta mais perene. Mas daí, já deixou de ser carvão, que foi apenas um meio para um fim mais "nobre". E outra: o carvão, em si mesmo, tem a desvantagem de não ter a presença de cores. E que triste um mundo cinza!
Enfim, muitas outras técnicas de desenho e pintura eu poderia sugerir para ser uma metáfora da vida, mas quem sou eu pra saber?Acho que a vida é um eterno esboço, não pode ser imediato como uma aquarela, nem tão sério quanto um óleo, tampouco sem cores com um carvão. É sempre uma pintura abstrata, independente da técnica que utilizemos para realizá-la. O importante e sermos autênticos naquilo que estivermos fazendo. Já é um bom começo.
Mas fora do mundo das artes, podemos tentar pensar esses dois exemplos como metáforas da existência: devemos fazer como o aquarelista, que age com certeza e precisão, sem arrependimentos, ou como o pintor a óleo, com sua suposta lentidão e busca de estabilidade? Realmente eu não sei. Pictoricamente, a aquarela ainda é a pintura que mais me toca, mas a segurança e perenidade, inerente à pintura a óleo, sempre me impressiona. Não sei.
Já o desenho a carvão, esse é um sossego: você faz uns riscos, e com o dedo ou um esfuminho faz o sombreamento... pode até apagar, se não gostar do resultado. Só que depois de pronto, tem que passar um verniz, daí dura um tempão... ou então, faz um esboço com ele, e depois passa alguma tinta mais perene. Mas daí, já deixou de ser carvão, que foi apenas um meio para um fim mais "nobre". E outra: o carvão, em si mesmo, tem a desvantagem de não ter a presença de cores. E que triste um mundo cinza!
Enfim, muitas outras técnicas de desenho e pintura eu poderia sugerir para ser uma metáfora da vida, mas quem sou eu pra saber?Acho que a vida é um eterno esboço, não pode ser imediato como uma aquarela, nem tão sério quanto um óleo, tampouco sem cores com um carvão. É sempre uma pintura abstrata, independente da técnica que utilizemos para realizá-la. O importante e sermos autênticos naquilo que estivermos fazendo. Já é um bom começo.
2 comentários:
Certamente eh um comeco otimo!
Adorei o blog.
Beijos
Acho que a vida é uma pintura que a gente sempre procura retocar alguma coisa. E nunca fica pronta...
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