terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O ranzinza

Hoje foi dia de matrícula para os calouros lá na faculdade. Deveria dizer dia de festa, pois realmente é preciso comemorar ter passado por um árduo processo seletivo. Mas deveria ser, também, dia de reflexão, de perceber a responsabilidade de estar usufruindo de um bem que é de todos, já que se trata de uma universidade pública. E isso significa, em poucas palavras, que o mínimo que se espera é que os novos alunos valorizem esse espaço, e realmente estudem. Mas não sei, algumas coisas me desapontam. Por exemplo, existe um espaço onde os alunos aproveitam o tempo "livre" (?) para jogar sinuca, e coisas assim. Legal. Mas vi que um dos novatos já estava lá, todo empolgado de taco na mão (obviamente sei que era novato por se parecer com uma paleta de tinta usada), fazendo sua estréia na faculdade em grande estilo. Conhecer a biblioteca? Pra quê? Afinal, talvez ele passe mais tempo nesse espaço de convivência do que lá, ao que tudo indica.
Talvez eu esteja ficando velho e ranzinza, mas algumas coisas me irritam profundamente. Por exemplo, já planejei inúmeras vezes escrever aqui sobre PESSOAS QUE CONVERSAM DENTRO DA BIBLIOTECA. Se há um espaço onde o que se pode fazer é ler, esse local á lá. Não é lugar de bater papo, nem acho que seja local para discutir textos. É lugar de pesquisa e LEITURA. Exige concentração, imersão. E nada pior do aqueles cochichos, que parecem soar mais alto que um grito. Irritam muito mais, tiram toda minha concentração. A universidade é grande, tem espaço para discutir textos em voz alta, pode-se até gritar... Por que as pessoas insistem em fazer isso dentro da biblioteca? Claro que tem lugares piores que outros (nessa vida a gente passa por várias bibliotecas). Em algumas, que não citarei, os próprios funcionários não fazem a menor questão de falar baixo - como exigir isso dos alunos?
Conversei uma vez com um colega, que é biblioteconomista, e, segundo ele, faz parte da filosofia deles apresentar a biblioteca como um ambiente de sociabilização. Como assim "sociabilização"? Isso é a função dos cafés, cantinas, botecos, jardins, praças, do raio-que-o-parta. Menos da biblioteca. Lá é um local onde o que quero é ficar na companhia dos livros, é com eles minha sociabilização. Ponto.
Mas não sei, acho que essa é uma imagem ideal que tenho, de como deveriam ser as coisas. Não sei se estou tão errado. Só sei que cada vez mais tenho optado por trazer os livros pra casa e trabalhar por aqui mesmo. Mas que acho que um pouco mais de bom senso faria do mundo um lugar muito mais interessante.

3 comentários:

Lu. disse...

Particularmente, sou o aluno que fica na sinuca. A biblioteca foi quase ignorada nestes 4 anos, em parte porque o mínimo atrasinho de 2 horas, eles já cobram multa. E por não ligar que não apareço lá. Não é porque não gosto que vou perturbar a vida de quem aprecia. Mesmo sendo a louca, não preciso fazer da vida alheia um inferno. :P

Aline-NC disse...

Quer dizer que para tornar as bibliotecas "atrativas", querem torná-las ponto de "socialização"? Acho que esse pessoal anda vendo muito filme, em que a mocinha encontra o mocinho na biblioteca, eles se olham e nasce um grande amor. Enquanto isso, os livros e alguns cérebros pegam poeira...
Se não gosta/não está a fim de ler, que fique no seu quadrado. Até porque, sinuca é bem legal, na hora e no lugar certos :)

Cristina disse...

Concordo com você que falta bom senso e eu tbém sou ranzinza nessas horas (e nas outras ahaha). Biblioteca eu não sei, mas tenho visto que livraria sim é ponto de socialização.