Kandinsky, Primeira Aquarela Abstrata, 1910.
Outros artistas, anteriores a Kandinsky, usavam a aquarela, mas em obras figurativas, como por exemplo, Vincent Van Gogh, que criou cerca de 150 aquarelas ao longo da vida, como o trabalho abaixo:
Van Gogh, Peixes no barco de pesca, cerca de abril de 1888.
Pela natureza ágil e instantânea, além do fácil manuseio, a aquarela muitas vezes era utilizada pelos artistas como um primeiro trabalho, um esboço, para depois poderem trabalhar com calma em uma pintura a óleo, por exemplo. Os artistas que por excelência usavam a aquarela como técnica eram os pintores viajantes do séc. XIX, como Thomas Ender e Debret, que estiveram no Brasil nos primeiros anos de 1800. Ender ficou cerca de um ano no país e realizou inúmeros trabalhos, como esse abaixo:
Thomas Ender - Portal de entrada do Palácio Real de Sao Cristóvão (Rio de Janeiro)
Jean Baptiste Debret, que ficou no Brasil por quinze anos, realizou mais de 500 aquarelas sobre o país, obras que levou para a França em 1831 para publicar em seu livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Hoje essas aquarelas estão no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro (na postagem anterior há outras informações sobre Debret).
Enfim, independente do status atribuído à pintura com aquarela, trata-se de uma técnica única, dinâmica, cujos trabalhos resultantes são sempre transparentes, luminosos e coloridos. Um outro detalhe: toda aquarela é efêmera, não é feita para durar para sempre: o tempo a descolore, uma gota d'água pode destruí-la. Por tudo isso, pela beleza e pela fragilidade, é que a aquarela é uma metáfora da vida: pode até não ser eterna, mas a sua beleza é indiscutível. Pelo menos para mim.
"Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim descolorirá".
[Aquarela. Toquinho/Vinicius de Moraes]
Albert Dürer, Lebre jovem, 1502, Aquarela e gouache em papel.
Um comentário:
Sabe que eu nunca tinha parado pra pensar nisso? ...
Postar um comentário