terça-feira, 26 de agosto de 2008

Inversão de valores

Lembro-me como se fosse hoje, mas já faz um bom tempo que eu ouvia meus queridos discos de vinil, os LP's, como eram conhecidos (caso você não faça idéia do que estou falando, clique aqui). Eu adorava ficar nas lojas de discos, por horas, mesmo que não fosse comprar nada (geralmente não comprava mesmo), olhando as capas, os encartes... e como eu gostava de ouvi-los, lindos, rodando no toca-discos. Mas nem tudo eram flores, que saco quando riscava, ou quando a agulhar pulava por causa da poeira. Mas o pior era o barulinho que quase sempre se ouvia junto com a música, que parecia areia. Daí eu ficava imaginando como seria bom se eu trocasse todos os meus discos por CD's... era o meu maior sonho de consumo. Mas eram muito caros (estou falando de meados da década de 90 e, sim, eram muito mais caros que os LP's). Da mesma forma, eu ficava sempre olhando os CD's nas lojas, e como eu me irritava: além do som ser muito melhor, não tinha barulinho de areia, diziam que durava a vida toda e o encarte era maior, vinha com muito mais fotos. Fora isso, era comum virem faixas bônus, às vezes três ou quatro a mais do que nos LP's. Uma injustiça!
Mas, em meados da década de 90, percebi que os artistas que eu gostava simplesmente passaram a não lançar mais discos de vinil. Apenas CDs e k7's (que logo também sairiam de cena). E então eu também entrei na era da música digital. De repente o caro preço do CD foi naturalizado, pois o mercado sabe bem como fazer as coisas... E então três letrinhas mudaram tudo M-P-3 (aliás, duas letrinhas e um número!). Essa formato caiu como uma bomba e virou o mercado da música de ponta-cabeça (que atire a primeira pedra quem nunca baixou uma música em MP3 de forma não-oficial!).
Nem por isso o preço dos CD's diminuiu. Mas, como eu falei, o mercado tem suas regras, uma "mão invisível", diriam alguns... e agora é possível encontrar, nos grande magazines, discos de vinil para a venda. Mas com um diferencial: agora eles chegam como peças para colecionadores, fruto de uma produção quase artesanal de pequena tiragem, o que os deixou com um preço absurdo. Só pra citar dois exemplos populares: outro dia, na Livraria Cultura, vi um LP da Amy Winehouse pela bagatela de R$ 75,00, e um da Madonna, duplo, por meros R$ 215,00. Detalhe: na mesma loja, os respectivos CD's dessas cantoras não passavam dos R$ 30,00. Total inversão de valores!
E, claro, caso você não tenha mais seu velho toca-discos de agulha e resolva embarcar nessa onda retrô, prepare-se pra gastar em média R$ 3.000,00 na aquisição do aparelho.
É, ainda bem que tenho todos os meus queridos vinis guardadinhos em um local bem seguro. Do jeito que a coisa anda, eles ainda podem me render alguns bons trocados!



3 comentários:

Cristina disse...

Nunca tive vinis das bandas que eu gostava, só fitas cassete. E demorei bastante pra começar a comprar cds tbém. E agora faz tempo que não compro nada, só faço download :p
Ah, na galeria do rock vc encontra uns vinis c/ preço melhor (eu acho).

ART disse...

eu tive poucos lps, se comparar com a quantidade de cds que comprei depois... e eu peguei a época da transição, e os vinis ficaram bem baratos... daí eu fiz a festa. eu ainda amo as capas grandes...

Aline-NC disse...

Caramba, tem um cara que vende uns vinis antigos aqui perto de casa, espalhados na rua mesmo, por qualquer trocado... São mais artistas nacionais, tem vários do Roberto Carlos, por exemplo. Eu fico pensando em toda a situação : o moço precisa da grana, ou não deve ter onde tocar, nem onde guardar, não traz boas recordações pra ele... enfim... me dá um aperto no coração... Por ele e pelos discos!